O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou hoje (3) o termo “notícias fiscais” ao falar da inclinação recente na curva de juros, conforme apresentação exibida em encontro por videoconferência com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e divulgada à imprensa.
O BC frisou na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) estar atento à piora do quadro fiscal e suas implicações para a política monetária. Embora tenha repetido que as condições para a orientação futura (forward guidance) de não elevação da Selic seguem satisfeitas, de acordo com o BC, as alterações de política fiscal que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação dessa orientação, mesmo que o teto dos gastos ainda esteja nominalmente mantido.
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Na apresentação desta tarde, Campos Neto repetiu que o forward guidance continua vigente, já que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, encontram-se significativamente abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas.
No documento, ele também exibiu um gráfico com o histórico do dólar frente ao real de 2016 para cá, no qual destacou marcos relacionados a reformas e outros ligados a choques nos mercados.
Em 2017, ano em que destacou um patamar de R$ 3,13/dólar, Campos Neto chamou a atenção para a aprovação do teto de gastos, mudanças na política de terceirização e na legislação trabalhista, além da nova política para a taxa de juros que referenciava empréstimos do BNDES, a TLP.
Em 2018, ele destacou a greve dos caminhoneiros antecedendo um período de dólar mais alto (R$ 4,16), ao passo que em 2020 citou a aprovação da reforma da Previdência como um evento que precedeu um patamar mais baixo para a divisa norte-americana.
Para 2020, Campos Neto destacou o patamar de R$ 5,08/dólar antes da pandemia do coronavírus, de R$ 5,20 algum tempo depois e, mais recentemente, de R$ 5,78.
O presidente do BC também mencionou a recomendação de cautela na política monetária ao falar do espaço para atuação convencional no caso brasileiro, reiterando que “devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”. (Com Reuters)
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