Em um cenário de baixa da taxa Selic, uma “força invisível” cada vez mais tem impulsionado um grande volume de investidores para o universo da renda variável. De acordo com dados da B3 (Bolsa de Valores do Brasil), existem cerca de 3,2 milhões de CPFs registrados na Bolsa. Do total, aproximadamente 2 milhões chegaram entre abril de 2019 – quando a Selic já alcançava o menor patamar histórico à época (6,5%) – e abril de 2020 – em que a taxa encontrava-se em 3%.
Muitos desses investidores de primeira viagem compartilham uma dúvida comum: qual a melhor forma de montar uma carteira de investimentos que maximize retornos, com o menor risco possível.
Em entrevista ao Forbes Money, Mauro Orefice, diretor-executivo do banco digital BS2, detalhou quais devem ser os primeiros passos de qualquer investidor na bolsa de valores. Segundo ele, antes de começar a comprar ações e encher sua carteira de ativos, é extremamente importante definir qual o patrimônio disponível para aplicação, o rendimento médio esperado e o prazo dos seus investimentos. Dessa forma, o portfólio pode ser construído gradualmente por diferentes ativos que obedeçam às suas preferências e valores pessoais. Além disso, para Orefice, um passo fundamental para quem começou na Bolsa é a identificação do perfil do investidor (suitability).
“O perfil do cliente (ou investidor) está atrelado a duas condições: a capacidade dele ‘tomar’ risco e sua propensão ao risco”, mostra o especialista, explicando ainda que a análise de comportamento do investidor ante à volatilidade e situações de perda do patrimônio são peças fundamentais para se definir o perfil.
Como exemplo, o diretor lembra a grande desvalorização do índice Ibovespa em março deste ano: a maior queda mensal em 22 anos (30%). Para ele, esse evento é um fenômeno claro de como os investidores tendem a se comportar de formas diferentes frente a episódios de fortes oscilações no mercado. Os investidores com um perfil mais arrojado, buscaram por novas oportunidades em meio às quedas, enquanto os moderados e os conservadores preferiram diminuir sua exposição na Bolsa.
A Análise de Perfil do Investidor (API) é obrigatória desde 2012, quando a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) introduziu a instrução 539 com o objetivo de proteger o investidor, tornando obrigatória a verificação da adequação dos produtos financeiros a cada perfil de riscos, levando em consideração objetivos e personalidade de quem investe. Ser fiel ao perfil de risco, reforça Orefice, é o caminho para se obter maiores retornos e suportar as possíveis – e naturais – oscilações de mercado.
Conservador
Um perfil conservador pode ser caracterizado pelos investidores que não suportam grandes oscilações em seu patrimônio e, logo, preferem alocar os seus recursos em produtos financeiros menos variáveis, como os investimentos em renda fixa, como os títulos públicos federais (Tesouro Direto), os produtos atrelados ao CDI ou outros indicadores, como o IPCA, por exemplo.
Apesar da aversão às variações nos ativos, Orefice analisa que os investidores neste perfil também podem ter investimentos em ações em seu portfólio. A estratégia, neste caso, é alocar uma parte menor do patrimônio nestes ativos e contar com o apoio de um profissional para acompanhar os investimentos, evitando assim papéis com alta volatilidade.
Moderado
Já o perfil de risco moderado se encaixa melhor nos investidores que, sim, são conservadores, mas conseguem lidar com alguma volatilidade em seus investimentos. Esse tipo de investidor pode, certamente, combinar em seu portfólio ativos de renda fixa com uma exposição maior nos ativos de renda variável.
Arrojado
O investidor arrojado possui baixa aversão a risco. Esse tipo de perfil lida com mais tranquilidade com as oscilações nos preços e ativos mais arriscados, em troca do risco tomado, existe a chance de retornos proporcionalmente maiores também. Os investidores de perfil arrojado, no entanto, também podem ter uma parte do patrimônio alocada em renda fixa, já que o perfil é apenas uma referência e não uma regra de bolo que deve ser seguida na hora de montar a carteira de investimentos.
Nunca coloque todos os ovos na mesma cesta
Embora não exista fórmula mágica para uma carteira de investimentos, o ditado popular “nunca coloque todos os ovos na mesma cesta” é uma das regras básicas que deve ser seguida por todos os investidores, independente do perfil de risco. Nos investimentos, o ato de não colocar “todos os ovos na mesma cesta” significa diversificar.
A diversificação é uma ferramenta essencial para maximizar retornos e controlar perdas em seus investimentos. Nas ações, por exemplo, a maior vantagem de se diversificar é compensar o mau desempenho de alguns papéis, por outros que apresentam bom resultado, sempre se preservando ao máximo da volatilidade de mercado e buscando boa valorização patrimonial.
De acordo com Orefice, a forma mais simples de diversificar seu portfólio é considerar a inserção de diferentes setores da economia. Nas ações, vale escolher diferentes tipos de papéis, diversificando a carteira entre empresas pagadoras de dividendos; ações de empresas defensivas – aquelas que possuem maior “perenidade”, ou seja, baixo nível de endividamento e forte geração de caixa com boa previsibilidade de receitas; e papéis com alto potencial de valorização.
Na carteira de investimentos, além dos setores econômicos, vale ainda diversificar entre produtos de renda fixa e renda variável, adequando a exposição entre os diferentes produtos de cada categoria conforme o perfil do investidor e objetivos com as aplicações.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.