Após passar boa parte do pregão do lado positivo, o Ibovespa reverteu a tendência e encerrou o dia em queda de 0,14% aos 113.589 pontos. A puxada do mercado no fim do pregão foi motivada pela avaliação de que o texto da PEC Emergencial, cujo relator é o senador Márcio Bittar (MDB-AC), permitiria que despesas financiadas com receitas desvinculadas fiquem fora do teto de gastos por um ano. Logo após a divulgação da notícia pelo Broadcast da Agência Estado, os juros futuros dispararam e o Ibovespa passou a cair. O ministério da Economia divulgou nota afirmando ser “contra qualquer proposta que trate da flexibilização do teto de gastos, mesmo que temporária”.
A equipe econômica mantém sua agenda de reformas, mas reconhece um horizonte turvo para a tramitação de matérias importantes em função das eleições para o comando da Câmara dos Deputados e do Senado no início de fevereiro. Segundo duas fontes do time ouvidas pela Reuters, não há perspectiva para aprovação de medidas – com exceção da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 – até o quadro ser definido.
Apesar do revés fiscal e realização de lucros na sessão, o cenário ainda é positivo para a Bolsa brasileira. Na visão de operador e líder de renda variável da BlueTrade, Patrick de Oliveira, o Ibovespa estar cada dia mais perto da máxima histórica registrada em janeiro, mas ainda distante do recorde em dólar. “Isso pode ainda impulsionar o Ibovespa a fechar mais pregões em alta seguindo essa tendência até o final deste mês”, afirmou, ponderando que eventos atrelados ao Brexit e às relações EUA/China podem ter reflexos na Bolsa.
Além do cenário doméstico, pesou sobre o Ibovespa o mau humor em Wall Street, com investidores realizando lucros em meio aos novos anúncios de restrições nos EUA para conter o coronavírus e de olho nas negociações no Congresso norte-americano para um novo pacote de apoio à economia. O auxílio financeiro é considerado fundamental não apenas para impulsionar a recuperação da principal economia global, mas também para evitar a retroalimentação da crise, que poderia ter impactos profundos para os EUA e para o mundo.
O Dow Jones encerrou o dia em baixa de 0,49% e o S&P 500 recuou 0,19% na sessão, enquanto o Nasdaq Composite, índice com forte peso de papéis em tecnologia, fechou em máxima recorde puxada por ações de crescimento, subindo 0,45% aos 12.519 pontos. O benchmark foi sustentado por papéis de gigantes, como Apple e Facebook Inc. As chamadas ações de crescimento (“growth stocks”) tendem a ver expansão mais rápida de suas operações do que a média do mercado, com maior aumento em receitas e lucros. Já as ações de valor (“value stocks”) são vistas como as principais beneficiárias em momentos de saída de recessões.
O dólar fechou próximo da estabilidade nesta segunda-feira, recuando 0,10% e negociado a R$ 5,11 na venda, com uma onda de compras no fim da sessão tirando a moeda da rota de mínimas em quase seis meses. Para Bruno Guimarães, head de renda variável da EWZ Capital, o movimento negativo da moeda norte-americana, no entanto, não deve se estender. “A injeção de dinheiro externo já aconteceu, os investidores estrangeiros já entraram no mercado e esse movimento não deve se repetir no curto prazo, então o dólar não deve cair com muita força. Ele vai se estreitar, para um patamar menor do que estava antes, entre R$ 4,90 e R$ 5,20 no curtíssimo prazo. Mas o Brasil deve subir a taxa de juros, e com isso, o dólar deve ir para patamares de R$ 5,30. Ele vai continuar neste nível. A expectativa para 2021 é bolsa e dólar em alta.” (Com Reuters)
DESTAQUES DO IBOVESPA
Maiores Altas
BTOW3: +7,73% a R$ 84,03
IRBR3: +6,82% a R$ 7,36
CMLG4: +4,50% a R$ 13,23
GOLL4: +3,29% a R$ 27,94
USIM5: +3,14% a R$ 14,46
Maiores Baixas
CSNA3: -5,95% a R$ 71,76
RAIL3: -3,20% a R$ 19,98
RENT3: -3,07% a R$ 64,96
BRDT3: -2,90% a R$ 20,77
CCRO3: -2,63% a R$ 13,70
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