O Banco Central avaliou hoje (17) que a incerteza sobre como e em que velocidade se dará a vacinação da população contra o coronavírus é um ponto relevante para os cálculos de atividade econômica e inflação, considerando que o movimento permitirá a flexibilização do distanciamento social.
A mensagem vem em meio a indefinições e constantes idas e vindas do governo sobre quando efetivamente os brasileiros começarão a ser imunizados, composição dos grupos prioritários e escolha das vacinas.
Em seu Relatório Trimestral de Inflação, o BC pontuou que, de um lado, o início da aplicação da vacina destravaria a demanda de setores prejudicados pela crise, melhorando “de forma substancial a confiança na economia, reforçada pelo atual estímulo monetário inédito e condições financeiras acomodatícias, estimulando a economia de forma mais forte do que a contemplada no cenário-base”.
Esse movimento, sublinhou o BC, representaria um risco altista para a inflação.
Por outro lado, a autoridade monetária também apontou hoje que o prolongamento da epidemia de coronavírus reduziria a projeção de inflação para 2021 em 1 ponto, a uma alta de 2,4%, ante estimativa de 3,4% em seu cenário-base.
A conta para a inflação em 2022 também seria afetada em 0,9 ponto, a um IPCA de 2,5%, frente a uma elevação de 3,4% no cenário-base.
Nos dois casos, os desempenhos ficariam bem mais distantes das metas, que são de inflação de 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
O BC reiterou mensagem da sua decisão sobre política monetária, de que a lentidão na economia pode produzir trajetória de inflação abaixo da esperada, notadamente quando essa ociosidade está concentrada no setor de serviços –o mais afetado pelo isolamento social e o que seria mais ajudado pela aplicação ampla da vacina.
“Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional”, disse.
Já numa simulação quanto aos impactos para a inflação de um desarranjo nas contas públicas e seus desdobramentos sobre o câmbio, incerteza econômica e prêmio de risco, o BC estimou que a inflação no próximo ano terminaria com alta de 6,4%, salto de 3 pontos em relação ao cenário-base e ultrapassando o limite superior do intervalo de tolerância da meta, de 5,25%.
Para 2022, o impacto seria de 0,8 ponto, a 4,2%.
“O aumento da inflação se dá pelo repasse cambial, tanto para preços livres como administrados, pelo aumento da taxa de juros real neutra e pelos efeitos nas expectativas de inflação”, disse o BC.
“Os efeitos são mais fortes em 2021 em virtude de o choque começar já no primeiro trimestre do ano. Parcela significativa da transmissão dos efeitos da depreciação cambial sobre a inflação ocorre em prazos relativamente curtos, tendo em vista a resposta de preços de combustíveis e de commodities em moeda nacional”, completou. (Com Reuters)
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias