As ações brasileiras devem se beneficiar da continuidade da rotação nos portfólios para papéis de ‘valor’ e de um ambiente externo favorável, enquanto a retomada econômica deve reduzir o ritmo e o prognóstico fiscal pós Covid-19 continua desafiador, avalia Mathieu Racheter, do Julius Baer.
Na visão do analista de pesquisa e estratégia para mercados emergentes do banco suíço, a economia do Brasil apresentou uma recuperação sólida no terceiro trimestre, apoiada no consumo maior das famílias e salto em investimentos, mas essa reação deve perder fôlego nos últimos meses do ano.
“Com a taxa de desemprego ainda em um nível recorde, menos estímulo e alguns Estados enfrentando uma segunda onda de casos Covid-19, São Paulo, por exemplo, acreditamos que a recuperação econômica provavelmente perderá força a partir do quarto trimestre”, afirmou em comentário a clientes.
Dados do IBGE mostraram que a economia do Brasil teve expansão recorde no terceiro trimestre, com o PIB crescendo 7,7% em relação aos três meses anteriores, no melhor desempenho desde o início da série, em 1996. O consumo das famílias subiu 7,6% e formação bruta de capital fixo (FBCF) avançou 11%.
A perspectiva para o cenário fiscal após a pandemia, por sua vez, permanece “claramente” desafiadora, afirmou o analista, acrescentando que não está claro se o governo será capaz de avançar em seu programa de reformas econômicas estruturais, que ajudou a bolsa desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018.
No ano passado, o Ibovespa subiu mais de 30%, tendo atingido máxima histórica intradia em janeiro de 2020, a 119.593,10 pontos. A pandemia reverteu o movimento e chegou a derrubar o índice a quase 60 mil pontos, mas boa parte da perda já foi recuperada e o declínio no ano agora é de “apenas” 2%.
“Nós devemos ter maior visibilidade sobre a frente de reformas nos próximos meses, provavelmente após a eleição dos novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, em fevereiro de 2021”, calcula Racheter, que no segmento de renda fixa continua vendo melhores oportunidades na área corporativa.
Analistas financeiros têm citado a rotação nos portfólios para ações de “valor” e “cíclicas”, com maior peso no Ibovespa, como bancos e papéis de commodities como Vale e Petrobras, em detrimento de ações de “crescimento”, como um componente relevante para a recuperação mais forte recentemente.
Apenas no mês passado, o Ibovespa subiu 15,9%, no melhor resultado para o mês desde 1999, também embalado pelo retorno do capital externo ao mercado secundário de ações brasileiro e noticiário promissor sobre vacinas contra o coronavírus. (Com Reuters)
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