O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje (3) que as tratativas em torno da tramitação da proposta de reforma tributária encaminhada pelo governo ao Congresso estão interrompidas no momento em razão de um “desentendimento político”, mas frisou que o projeto será aprovado.
“Acho que nós vamos fazer um acordo rapidamente, isso pode ser retomado, ou agora ou então depois, mas a verdade é que vamos fazer essa reforma”, pontuou Guedes em evento promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Para o ministro, há uma “disfunção no sistema” que explica o impasse no desenvolvimento do projeto, remontando às discussões travada entre o governo federal e os Estados sobre perda de receitas provenientes da pandemia do coronavírus.
Guedes também pontuou que um “desentendimento político” envolvendo a disputa da presidência da Câmara dos Deputados interrompeu as negociações.
“Colaboramos com a segunda fase, a Vanessa (Canado, assessora especial do Ministério da Economia), que trabalha conosco, estava em conexão direta com o relator Aguinaldo (Ribeiro, PP-PB), fornecendo os nossos ‘insights’ sobre a segunda fase, que eram os impostos indiretos, IPIs, seletivos, etc”, afirmou Guedes.
“E, de repente, com esse impasse político, esse desentendimento político envolvendo a disputa da presidência da Câmara, a conversa está mais ou menos interrompida.”
Outro ponto de diferença, de acordo com o ministro, gira em torno da ordem de tramitação de projetos que estão no Congresso. Ele pontuou, por exemplo, que o eixo governista quer a aprovação do projeto que trata da autonomia do Banco Central (BC), na Câmara, bem como da reforma administra.
Durante sua participação no evento, Guedes também afirmou não acreditar que haverá perda de receita com a reforma tributária. De acordo com ele, todos os entes da Federação irão observar seus níveis de arrecadação aumentarem à medida que a economia brasileira recupera-se dos efeitos econômicos da pandemia.
Indústria
O ministro também destacou que o governo pode, eventualmente, recorrer às importações no setor industrial caso seja constatada a falta de insumos em determinados segmentos industriais.
“Nós estamos atentos à essa possibilidade”, disse Guedes ao ser questionado sobre o tema em evento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “Estamos dando um tempo. A indústria não vai parar por causa do desabastecimento. Estamos esperando o alto-forno funcionar, o aço chegar, a embalagem chegar”, acrescentou o ministro.
Guedes classificou as dificuldades de abastecimento como “um problema bom”.
“É melhor você estar com o problema de que a demanda está forte, e você está procurando insumo, do que o contrário (que é) ao longo de toda a cadeia produtiva está sobrando estoque, em vez de você estar com encomendas e querendo atender.”
“Sim, estamos abertos à possibilidade de abrir um pouco mais rápido a economia se isso demorar muito a começar”, afirmou, destacando a independência do Banco Central (BC) como outro fator que ajudaria no controle da inflação em eventual cenário de abertura das importações.
Em setembro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu zerar a taxa de importação de arroz para uma cota de 400 mil toneladas do produto até o fim deste ano, a pedido do Ministério da Agricultura, diante do aumento do preço do produto no mercado interno. (Com Reuters)
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