A Cielo vai vender alguns ativos não essenciais enquanto aguarda aval do Banco Central para uso do WhatsApp em pagamentos e amplia a oferta de produtos de crédito, como parte de uma reformulação do negócio para focar em pequenos lojistas.
“Não há mais como uma empresa de pagamentos se manter no mercado apenas como uma adquirente pura”, disse hoje (27) o presidente-executivo da Cielo, Paulo Caffarelli, em teleconferência com jornalistas sobre os resultados do quarto trimestre, o primeiro com crescimento do lucro desde que ele assumiu o comando da companhia, há pouco mais de dois anos.
Como resultado do foco em negócios de pequeno porte, nos quais tem maior oportunidade de lucrar com produtos de crédito, a Cielo viu seu lucro crescer 37% ano a ano, mesmo sem expandir seu faturamento, afetado pelos efeitos da pandemia da Covid-19.
A estratégia de ampliar produtos de financiamento deve crescer nos próximos meses, disse ele, após a Cielo ter recebido aval de seus controladores, Bradesco e Banco do Brasil para ter uma sociedade de crédito direto.
Com isso, após já ter dobrado o percentual dos clientes de sua base que demandaram antecipação de recebíveis ou outras modalidades de empréstimo, para 33% no quarto trimestre, a Cielo pretende elevar esse nível para 40% até o fim de 2021.
Enquanto isso, a companhia planeja se desfazer de mais ativos que não considera essenciais, optando por se concentrar no seu negócio principal no Brasil. O vice-presidente executivo de finanças da Cielo, Gustavo Sousa, afirmou em teleconferência com analistas que a companhia avalia alternativas para possível venda da MerchantE Solutions, nos Estados Unidos.
Em outubro, a Cielo vendeu sua fatia na Companhia Brasileira de Gestão de Serviços (Orizon) para a Bradseg por US$ 129 milhões.
“Estamos olhando oportunidades de desfazimento de alguns ativos de forma viável”, disse Caffarelli, citando o plano de enfatizar investimentos em negócios digitais, algo que inclui avaliação pela empresa de aquisições de negócios de softwares de gestão.
Nesse cenário, a Cielo acredita que receberá até junho autorização do Banco Central para uso em pagamentos do WhatsApp, do Facebook. A parceria anunciada em junho foi suspensa pelo BC, que a autorizou inicialmente apenas para testes.
A combinação de resultados acima das expectativas com projeções animadoras impulsionava a ação da Cielo, que às 13h38 disparava 10%, enquanto o Ibovespa recuava 0,6%.
Analistas do setor, porém, viram o desempenho trimestral com algum ceticismo, considerando que a empresa ainda vai enfrentar um cenário competitivo duro e que questões societárias seguirão pesando sobre a cotação da ação. Em relatórios, Itaú BBA e BTG Pactual mantiveram recomendação neutra para o papel da Cielo.
A mídia local publicou recentemente que o BB poderia sair da Cielo, com o Bradesco comprando essa participação.
“A nosso ver, uma resolução para a estrutura acionária é fundamental para a empresa, mas estruturalmente, continuamos cautelosos devido à sua atual estrutura acionária”, escreveram Eduardo Rosman e Thomas Peredo, em nota a clientes. (Com Reuters)
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