A empresa de apoio marítimo CBO planeja retomar em breve conversas com investidores para realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), enquanto vê melhora de condições de mercado e boas perspectivas para o seu crescimento nos próximos anos, disseram executivos à Reuters.
Detida atualmente pelos fundos de private equity Vinci Partners e Pátria, e pelo BNDESpar, o Grupo CBO poderá utilizar recursos captados no mercado para acelerar seu crescimento, na esteira do aumento da produção de petróleo nos próximos anos, principalmente a partir do pré-sal.
A companhia tem hoje uma frota de 33 navios de apoio e tem expectativas de vencer novos contratos e agregar de 15 a 20 novas embarcações nos próximos dois anos.
Rafael Kirsten, diretor de Relações com Investidores, afirmou à Reuters que as preparações para a realização de um IPO foram paralisadas no ano passado, principalmente devido à incertezas ligadas às eleições nos Estados Unidos e à pandemia de Covid-19.
“Hoje está muito melhor, a situação já é muito mais interessante… Muito em breve estaremos de volta ao processo de listagem”, afirmou Kirsten, em uma entrevista por videoconferência.
O executivo evitou dar mais detalhes sobre o possível IPO, mas frisou que a empresa já vive o que considera ser seu terceiro ciclo de crescimento e mira novos contratos.
Em 2020, mesmo em meio à pandemia, o Grupo CBO registrou receita líquida de US$ 253,6 milhões e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de US$ 172 milhões.
Ambos os indicadores, entretanto, apresentaram queda de quase 10% ante o ano anterior, com impactos de menores taxas de ocupação da frota, que foram minimizadas por um melhor desempenho operacional, uma vez que a empresa registrou seu menor indicador de “downtime” da história, que mede o tempo de indisponibilidade de seus serviços.
“Foi o melhor ano operacional”, disse o presidente da CBO, Marcos Tinti, que também participou da entrevista.
Novos Negócios
Do início do ano passado até agora, a CBO conquistou 16 novos contratos, incluindo um de logística integrada com a Petrobras, que prevê a gestão e operacionalização de toda a cadeia de suprimentos para unidades marítimas, em um modelo de serviços inovador no Brasil.
O contrato com a sua principal cliente veio após a empresa, fundada em 1978, ter deixado em 2020 de priorizar construção naval. A nova função na área de logística complementa os negócios de afretamento de embarcações de apoio marítimo, segundo Kirsten.
Para frente, a empresa vê boas perspectivas no setor de petróleo, com o avanço de grandes petroleira privadas como Exxon Mobil e Shell no Brasil, além do foco total da Petrobras no desenvolvimento de promissoras áreas do pré-sal.
“O mercado está às vésperas de grande crescimento”, afirmou Kirsten. “Não há outro lugar no mundo para se estar no offshore.”
Para ilustrar, o diretor ressaltou que a empresa mapeou oportunidades de mais de 60 novos contratos no mercado para embarcações no início deste ano, contra cerca de 25 há seis meses.
O Brasil tem hoje os dois maiores campos produtores de petróleo e gás em águas profundas e ultraprofundas do mundo, que são Tupi e Búzios, ambos no pré-sal da Bacia de Santos, operados pela Petrobras, segundo levantamento feito pela ferramenta Lens da Wood Mackenzie para a Reuters.
Búzios, que deve exigir mais unidades de apoio com o aumento da produção, e outros ainda em exploração na região do pré-sal deverão impulsionar a demanda por navios de apoio nos próximos anos, na avaliação da companhia. (Com Reuters)
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