Embaixadores europeus afirmaram ontem (10) que o tratado de livre comércio firmado entre a União Europeia e o Mercosul não será assinado se o Brasil não der passos concretos para a redução do desmatamento na Amazônia.
“Precisamos de fatos. Se não tem avanços não vai ser possível assinar o acordo”, disse Ignacio Ybañez, embaixador da UE no Brasil. Se isso não acontecer, a Comissão Europeia não poderá apresentar ao Parlamento Europeu o acordo que demorou duas décadas para ser negociado para ratificação, afirmou. “Vamos continuar a ser exigentes com Brasil para ter resultados concretos. O Brasil sabe do trabalho que tem que fazer”, complementou Ybañez.
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Em um avanço contra o protecionismo, a UE concordou em junho de 2019 em criar uma área de livre comércio de 700 milhões de pessoas com o bloco comercial sul-americano Mercosul, que é formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Porém, desde então a França e o Parlamento Europeu têm liderado uma oposição para finalizar o tratado, e disseram que o Mercosul precisa fazer mais para cumprir seus compromissos climáticos sob o Acordo de Paris e que o Brasil está falhando no combate ao desmatamento na Amazônia.
O desmatamento na maior floresta tropical do mundo aumentou desde que o presidente Jair Bolsonaro, que defende abertura de mais áreas da Amazônia ao desenvolvimento, assumiu o cargo em 2019. A destruição na porção brasileira da Amazônia atingiu nível mais alto em 12 anos em 2020.
O governo brasileiro não pôde ser contatado imediatamente para comentar as declarações do enviado da UE, mas rejeita as críticas de que não está fazendo o suficiente para conter o desmatamento na Amazônia, proteger o meio ambiente e prevenir as mudanças climáticas. O principal argumento brasileiro é que a pressão da UE sobre o Brasil vem de interesses protecionistas.
Diplomatas da UE buscam superar a resistência na Europa por meio de uma declaração complementar, que reafirme o compromisso do Mercosul e dos países da UE com a sustentabilidade e as metas ambientais.
Portugal, que ocupa a presidência da UE, espera que uma parceria estratégica e seus laços históricos e culturais com o Brasil possam ajudar a influenciar o governo brasileiro a assumir os compromissos. “O Brasil tem que explicar concretamente que será feito”, disse o embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos. (com Reuters)
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