A EDP Brasil, controlada pelo grupo europeu EDP Energias de Portugal, registrou lucro líquido de quase R$ 700 milhões no quarto trimestre, com alta de 40% na comparação anual, enquanto os ganhos no ano de 2020 somaram R$ 1,5 bilhão (+12,7%), segundo resultado divulgado na sexta-feira. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 1,39 bilhão no último trimestre, alta de 60%. O Ebitda ajustado cresceu 36%, para quase R$ 818 milhões.
A companhia disse que os resultados foram os melhores de sua história, apesar dos impactos da pandemia de coronavírus. A EDP Brasil propôs pagamento de um total de R$ 599 milhões em dividendos e juros sobre o capital próprio, referentes aos resultados, o equivalente a R$ 1 por ação, já considerando sua nova política de proventos.
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A elétrica tem apetite por aquisições nos setores de transmissão e de geração solar, disse hoje (22) o novo presidente da companhia, João Marques da Cruz, durante teleconferência com investidores. Contudo, a empresa também estará aberta à venda de ativos de transmissão ou de geração com o objetivo de financiar novos investimentos, apontou ele, ao explicar uma estratégia de “rotação de ativos”.
“Queremos expandir o negócio de transmissão. Queremos ser ativos no mercado primário, ou seja, nos leilões (de novos projetos pelo governo) ou no mercado secundário, e também rotacionar ativos”, afirmou Cruz, que foi confirmado para o cargo na sexta-feira (19).
Ele disse que eventuais vendas de ativos para bancar novos projetos ou aquisições devem ainda ajudar a EDP Brasil a cumprir um objetivo de buscar ampliar o foco em energia solar. “Queremos transformar o portfólio. E transformar o portfólio significa dar mais peso relativo e maior relevância ao solar.”
A meta da empresa está alinhada a uma adaptação ao atual cenário dos mercados de energia globais, que miram a transição energética e redução de emissões, explicou o CEO. Ainda nessa toada, a EDP Brasil não tem planos de investir em novos projetos de geração térmica, embora tenha usinas a carvão e gás atualmente.
“Nós continuamos a gerenciar nossos ativos todos, são ativos que nos pertencem. Não temos uma agenda imediata, mandatória, de desinvestimento nesses ativos (térmicos), mas queremos transformar o portfólio”, disse.
No setor de distribuição, a EDP Brasil seguirá atenta a uma eventual privatização da catarinense Celesc, na qual possui participação e tem aumentado a fatia gradualmente, disse o ex-CEO da companhia e agora presidente do conselho, Miguel Setas.
Possível interferência
A elétrica não tem preocupações sobre uma possível interferência do governo sobre o setor elétrico, disse hoje Marques da Cruz, ao ser questionado em teleconferência com investidores. A afirmação do executivo veio após o presidente Jair Bolsonaro ter dito no sábado que o governo “vai meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também”, sem detalhar medidas em avaliação para o setor.
“Não somos surdos, por isso ouvimos (rumores sobre interferência). Mas o mais relevante é passar uma mensagem de absoluta tranquilidade”, disse, ao ser perguntado sobre as falas de Bolsonaro.
“Tudo que seja ideia ou rumores relativos ao não cumprimento unilateral de contrato, nós, francamente, não acreditamos que isso esteja na ordem do dia. Temos total confiança nas instituições brasileiras de que isso não está na ordem do dia.” O executivo, assim, disse acreditar que esse é um “não-assunto”.
Ele acrescentou, no entanto, que a empresa está aberta a “dialogar e encontrar soluções” caso seja do desejo das autoridades, com uma “postura construtiva”. (com Reuters)
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