Em um ano atípico devido à pandemia do novo coronavírus, grandes empresas de bens de consumo tiveram de tirar do papel alguns planejamentos que estavam apenas no horizonte. Uma das tendências que despontou foi o chamado social selling. Companhias como Nestlé, L’Oréal e Hering estão entre as que criaram, de forma acelerada, plataformas para recrutar empreendedores interessados em fazer vendas compartilhadas, que atuam como uma espécie de consultor da marca.
Além da renda extra, as empresas oferecem treinamentos sobre seus produtos e acompanham de perto o desenvolvimento de cada “embaixador”, o que tem sido algo inovador no varejo. A iniciativa também visa oferecer oportunidade de renda via redes sociais, impulsionando e humanizando o processo de vendas online, além do famoso “boca a boca”.
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À Forbes, Monica Maele, head de health science da Nestlé, afirma que o projeto já estava sendo pensado, mas que a pandemia trouxe essa necessidade urgência, tendo em vista o cenário de diminuição na renda de vários brasileiros. A empresa adotou o social selling para seus produtos de nutrição apenas, mas a ideia é expandir para outros portfólios.
“Acreditamos no potencial dessa iniciativa de impactar positivamente a vida de muitos brasileiros, tanto levando conhecimento e capacitação para eles como proporcionando oportunidades de ganho e renda direta, que são pilares diretamente ligados à missão do departamento e da Nestlé de gerar valor compartilhado por meio de nossos alimentos e soluções nutricionais”, fala.
Ainda segundo ela, o mais importante no início do programa é que o novo empreendedor esteja interessado em adquirir o máximo de conhecimento possível, e assim, consequentemente, poder ter uma boa renda extra em curto e médio prazo.
Esse é o caso de Patrícia Santana, moradora de Niterói, no Rio de Janeiro. Ela está participando do programa “Embaixadores da Nutrição”, criado pela Nestlé há um mês, com vendas via redes sociais, em um formato que permite conversa e contato direto com consultores que divulgam produtos e serviços do e-commerce da linha. A carioca, uma entre 500 embaixadores, se diz satisfeita com os resultados no novo canal.
“É algo novo. Estou engatinhando ainda, mas com certeza tenho muita coisa para aprender e tirar proveito dessa oportunidade. O que vale mesmo agora é conhecer o que você está trabalhando, lidar com um público variado. Isso é importante para o empreendedor. Eu trabalho com roupa e agora com nutrição, estou conseguindo conciliar os dois”, afirma Patrícia.
Uma pesquisa realizada pela Mobile Time e Opinion Box em setembro de 2020 demonstra que as compras diretas via redes sociais cresceram em 2020, com 70% dos respondentes afirmando que realizaram compras pelo WhatsApp, 40% pelo Facebook e Messenger e 39% pelo Instagram.
Há um ano, a Cia.Hering já vem trabalhando com o novo canal de vendas. A plataforma foi desenvolvida em apenas uma semana e representou quase 10% do movimento do e-commerce em abril e 20% em maio do ano passado –mês do Dia das Mães.
Atualmente, segundo o diretor de novo varejo e consumidor da Hering, Filipe Albuquerque, são mais de 3.000 pessoas atuando na plataforma. Até agora, a novidade era utilizada apenas por franqueados, multimarcas e colaboradores, mas em breve será disponibilizada também para pessoas físicas, diz o executivo.
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Albuquerque tem boas perspectivas para a continuidade do projeto de social selling. Ele diz que o novo empreendedor é o consumidor que já conhece os produtos e marcas Hering, o que facilita muito em um retorno de renda extra.
“O sucesso tem sido significativo. Criamos uma unidade de negócio para gerir a plataforma e expandir a iniciativa, gerando fluxo de novos consumidores e novos empreendedores. Além de todo acompanhamento e assistência que damos a esse novo programa. A pandemia nos fez acelerar esse processo e tem nos mostrado grandes resultados”, comenta.
Ainda segundo ele, a Hering tem planos de atrair influenciadores digitais para também trabalharem com o social selling da empresa.
Na L’Oréal, que adotou o social selling há um ano, o canal já um dos de maior crescimento no e-commerce. A expectativa é que globalmente o formato represente 25% das vendas online nos próximos anos.
À Forbes, Patrícia Borges, CMO da L’Oréal Brasil, fala que um aspecto chave de custos é que o alcance do projeto acontece via as redes que de qualquer forma, há esforço por trás do projeto: produzir conteúdo para educar e formar constantemente novos divulgadores.
“Já vínhamos nos preparando para iniciar o social selling há algum tempo, mas com certeza a pandemia acelerou o processo e começamos a atuar no formato em maio de 2020. Temos muitas parcerias que são fundamentais para acelerar esse programa junto à L’Oréal. Uma delas é o grupo Magazine Luiza que lançou o programa Parceiro Magalu durante a pandemia e desde então tem sido o nosso principal canal para gerar vendas nesse formato”, afirmou Patrícia.
Ela também conta que há parcerias com grandes influenciadoras digitais que trabalham com divulgações em suas lojas online para suas audiências em redes sociais.
Embora a plataforma venha sendo sucesso nessas empresas, ainda não há números estimados sobre lucros e pagamentos divulgados por elas. No entanto, os executivos dizem que os resultados parciais são “satisfatórios” e pretendem divulgar os números em breve.
O cadastro para ser um social seller é feito por meio do site das empresas e de forma gratuita. A única restrição é que o novo empreendedor seja maior de 18 anos.
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