Apesar da sequência de ganhos, a indústria (como um todo) terminou 2020 com recuo na produção de 4,5%, a maior queda em quatro anos diante das consequências da pandemia de coronavírus, pressionada principalmente pelo setor de automóveis.
Foi o segundo ano seguido de perdas após registrar contração de 1,1% em 2019, como consequência das medidas de contenção do vírus. Além disso, foi a retração anual mais forte desde 2016, quando houve queda de 6,4%, segundo os dados divulgados hoje (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Em dezembro, a indústria teve alta de 0,9% na produção em comparação com novembro e acumulou em oito meses ganhos de 41,8%, o que elimina a perda de 27,1% registrada entre março e abril, ápice do isolamento social para contenção do coronavírus. Com esses resultados, o setor industrial está 3,4% acima do patamar de fevereiro de 2020 e termina o quarto trimestre com ganho de 5,1% sobre os três meses anteriores, quando houve alta de 22,3%.
Na comparação com dezembro de 2019, a produção teve alta de 8,2%. Ambos os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters com economistas de avanço de 0,2% na variação mensal e de 6,3% na base anual. “A indústria vem positiva com perfil disseminado, mas tem espaço muito importante a recuperar. Isso não é só pandemia, é algo que vem há alguns anos”, afirmou o gerente da pesquisa, André Macedo.
A mais recente pesquisa Focus do Banco Central mostra que os economistas esperam ganho de 5,02% da produção da indústria em 2021, com um aumento de 2,40% em 2022.
Setor Automotivo
Os dados do IBGE mostraram que em 2020 a maior pressão negativa foi exercida por veículos automotores, reboques e carrocerias, com contração de 28,1% contra o acumulado de 2019, pressionada principalmente, pelos itens automóveis, caminhão-trator para reboques e semirreboques, caminhões e autopeças.
Na comparação de 2020 com o ano anterior, todas as grandes categorias tiveram queda, com destaque para bens de consumo duráveis, com queda de 19,8% e bens de capital, com menos 9,8%. “Ambas têm a dinâmica de produção muito associada à indústria de automotores. No caso da primeira, com influência dos automóveis, como os carros, e no caso da segunda, os equipamentos de transporte, como caminhões”, explicou Macedo.
Em dezembro, três das quatro grandes categorias econômicas e 17 de 26 ramos pesquisados tiveram ganhos, o que para Macedo mostra regularidade de crescimento na produção industrial nos últimos meses.
A principal influência segue sendo a de veículos automotores, reboques e carrocerias, com ganho de 6,5% no mês e acumulando expansão de 1.308,1% na produção nos últimos oito meses. Na outra ponta, a produção de produtos alimentícios apresentou queda de 4,4% em dezembro sobre novembro. Já entre as categorias econômicas, bens de capital e bens de consumo duráveis cresceram 2,4% no mês.
Depois das perdas vistas em março e abril, a indústria passou a se beneficiar de estoques muitos baixos aliados à mudança da demanda de serviços para bens.
A recuperação do setor, contudo, embora tenha encontrado base nas medidas de auxílio do governo e na flexibilização do isolamento, ainda depende da retomada do mercado de trabalho, que vem mostrando mais dificuldades. O fim do pagamento do auxílio emergencial em dezembro também preocupa.
“O mercado de trabalho passa longe de uma recuperação. No fim do ano um fator importante foi o valor menor do auxílio emergencial, que traz uma redução do ritmo. Esse é um fator importante porque alcançou boa parte da população e que vai daqui para frente definir os rumos da indústria e economia”, destacou Macedo. (com Reuters)
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