A Petrobras teve lucro líquido recorde de R$ 59,9 bilhões no quarto trimestre do ano passado, ante R$ 8,15 bilhões no mesmo período de 2019, principalmente devido a uma reversão de baixa contábil bilionária relacionada aos preços do petróleo, informou a companhia ontem (24).
Após um impairment (teste que mensura a perda de capacidade de recuperação do valor de um ativo) de mais de R$ 65 bilhões no primeiro trimestre devido à crise que derrubou os preços do petróleo e valores de ativos da empresa, houve no quarto trimestre uma reversão de quase metade do valor.
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Além disso, ajudaram nos resultados ganhos cambiais de R$ 20 bilhões e reversão de gastos passados do plano de saúde de Assistência Multidisciplinar de Saúde (AMS), em R$ 13,1 bilhões, decorrente da revisão de obrigações futuras da empresa.
“Parte dos impairments realizados anteriormente, no montante de R$ 31 bilhões, foram revertidos como resultado das novas curvas de preço do Brent e de câmbio aprovadas no Plano Estratégico 2021-25, bem como pela revisão do portfólio de projetos, principalmente relacionadas ao E&P”, explicou a Petrobras.
Desconsiderando os efeitos não recorrentes, a empresa teria registrado um lucro líquido de R$ 28,4 bilhões no quarto trimestre, e ainda assim seria recorde, ao superar a marca do segundo trimestre de 2019, de R$ 18,9 bilhões.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou R$ 47 bilhões entre outubro e dezembro, alta de 28,8% ante o mesmo período de 2019. Na comparação com o terceiro trimestre, o Ebitda ajustado avançou 41%, principalmente devido ao ganho oriundo da reversão de gastos passados do plano AMS.
Também contribuíram para o Ebitda dos meses de outubro a dezembro os maiores preços do Brent, o aumento da demanda por energia termelétrica, que impactou positivamente a geração de energia, bem como os volumes de óleo combustível e GNL.
“Estes foram compensados por menores volumes de exportação, menores margens de diesel, gasolina e provisionamento para pagamento de bônus aos funcionários”, afirmou a empresa.
A receita líquida do quarto trimestre somou R$ 75 bilhões, uma queda de 8,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já na comparação com o terceiro trimestre, a receita cresceu 6%, com a alta do petróleo Brent, entre outros fatores. Por outro lado, o volume das exportações de petróleo diminuiu devido à menor produção no trimestre.
A Petrobras ressaltou que a receita de diesel foi ligeiramente superior no quarto trimestre na comparação com o terceiro, diferentemente da sazonalidade usual do produto, devido a um esforço comercial para aumentar as vendas, principalmente por meio de leilões.
Redução da dívida
Em 2020 completo, a companhia teve um lucro líquido de R$ 7,1 bilhões, recuo de 82,3% ante o ano anterior, devido à queda de 35% do preço do Brent em dólares e maior impairment, que somou R$ 34,26 bilhões, apesar da reversão registrada no quarto trimestre.
Além disso, menores ganhos com desinvestimentos e desvalorização de 31% do real em relação ao dólar americano pressionaram o lucro anual. “Por outro lado, as iniciativas que aumentaram a resiliência, a eficiência e a continuidade do trabalho de redução do endividamento contribuíram para compensar parcialmente os impactos da crise”, disse a Petrobras, em seu relatório financeiro.
O Ebitda ajustado do ano passado somou R$ 143 bilhões, alta de 10,6% em relação ao ano anterior, apesar de um cenário adverso, ocasionado pela pandemia, com a desvalorização de 35% dos preços do Brent.
Esse resultado, segundo a Petrobras, foi possível devido a iniciativas como o aumento das exportações, que compensou a redução da demanda e das margens dos derivados de petróleo no Brasil.
A empresa vem realizando um ambicioso plano de corte de custos e venda de ativos, em busca de reduzir sua dívida, que caiu US$ 15,7 bilhões em 2020 ante 2019, para US$ 63,2 bilhões (endividamento líquido). Já a dívida bruta somou US$ 75,5 bilhões, queda de 13,3% ante o ano anterior, batendo a meta da companhia, que era conseguir manter a dívida bruta estável ante 2019, a US$ 87 bilhões.
Atualmente, a companhia ainda tem mais de 50 ativos à venda em diferentes estágios em seus processos de desinvestimento, com potencial de ajudar mais na redução do endividamento. Dentre eles estão cinco refinarias, a Gaspetro e vários campos maduros de petróleo chegaram à etapa final para a assinatura dos contratos de compra e venda.
A receita líquida em 2020 foi de R$ 272 bilhões, queda de 10% em relação ao ano anterior, pelo efeito dos preços do petróleo e queda nas vendas de derivados. A queda ocorreu embora o volume de vendas totais tenha subido, com impulso de um aumento de 30% nas exportações quando comparado a 2019, contando com a demanda da China. (com Reuters)
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