A mineradora Vale teve lucro líquido de US$ 739 milhões no quarto trimestre, ante prejuízo líquido de US$ 1,56 bilhão um ano antes, o que refletiu um histórico desempenho da unidade de ferrosos guiado por preços mais altos que foi minimizado por despesas pelo desastre de Brumadinho (MG).
Em 2020 completo, a mineradora teve um lucro líquido de US$ 4,9 bilhões, ante prejuízo de US$ 1,7 bilhão no ano anterior. A empresa assinou em fevereiro um acordo de R$ 37,6 bilhões para reparação de danos coletivos causados pelo rompimento de barragem da mineradora em 2019 em Brumadinho, com autoridades de Minas Gerais, e encerrou as ações coletivas na Justiça.
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O acordo impactou o resultado do quarto trimestre em US$ 3,8 bilhões, informou a Vale na noite de ontem (25), ao relatar o balanço do ano 2020. Além disso, a empresa realizou provisões adicionais para descaracterização de barragens de US$ 617 milhões. Também afetou o resultado a realização de US$ 1,5 bilhão em baixas contábeis, principalmente relacionado a ativos de carvão e níquel.
Considerando todas as unidades da companhia, o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou US$ 4,2 bilhões entre outubro e dezembro, alta de 20% ante o mesmo período de 2019.
O Ebitda ajustado sofreu impacto de despesas de US$ 4,8 bilhões, relacionadas ao acordo de Brumadinho e à pandemia no quarto trimestre. O Ebitda de Minerais Ferrosos de US$ 8,8 bilhões no quarto trimestre foi US$ 2,9 bilhões superior ao do terceiro trimestre, e alcançou seu segundo maior Ebitda ajustado da história.
Já a receita de vendas da companhia somou US$ 14,8 bilhões no quarto trimestre, ante cerca de US$ 10 bilhões um ano antes, com impacto positivo de um aumento dos preços do minério de ferro. O preço médio realizado do minério de ferro foi de US$ 130,7 por tonelada no último trimestre de 2020, forte alta ante os US$ 83,5 por tonelada no mesmo período de 2019.
A Vale produziu 300,4 milhões de toneladas de minério de ferro em 2020, com recuo de 0,5% ante o ano anterior, em meio a efeitos da pandemia, restrições para a disposição de rejeitos e atrasos na abertura de novas frentes de lavra em Serra Norte, que anularam efeitos do retorno das atividades em algumas minas e o desenvolvimento da mina S11D, no Pará.
A companhia citou que retomou minas no sistema Norte e Sul em dezembro de 2020 e janeiro de 2021, ao ressaltar que assim mantém a meta de alcançar capacidade de 400 milhões de toneladas até o fim de 2022.
Já as vendas de sua principal commodity no ano passado somaram 254,9 milhões de toneladas, queda de 5,4% ante o ano anterior, à medida que a companhia buscou repor estoques apesar das compras recordes da China.
Planos para 2021
Em comunicado separado, a Vale informou que o conselho de administração aprovou nesta quinta-feira a distribuição de remuneração aos acionistas referente ao segundo semestre de 2020 no valor bruto de R$ 4,2 por ação.
“A continuação da Política de Dividendos visa devolver aos acionistas uma parcela relevante da geração de caixa da Vale, em um padrão previsível e alinhado com o pilar estratégico da companhia de ‘Disciplina na Alocação de Capital'”, disse a empresa, citando que o pagamento da remuneração ocorrerá em 15 de março de 2021.
A Vale encerrou o ano com US$ 14,2 bilhões em caixa, mais do que a sua dívida bruta de US$ 13,3 bilhões de dólares, e portanto com uma posição líquida de caixa de US$ 898 milhões de no quarto trimestre.
“Espera-se que a dívida líquida expandida continue com a tendência de queda para os US$ 10 bilhões de meta de longo prazo, uma vez que a companhia continua a gerar caixa e a pagar suas obrigações com Refis, Brumadinho, Renova e Samarco”, afirmou a empresa.
Em outra nota separada, a Vale revisou sua estimativa para a produção de cobre de 390 mil toneladas para um intervalo entre 360-380 mil toneladas em 2021. (com Reuters)
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