John Goff fez sua primeira fortuna há mais de uma década juntando-se a seu mentor, o lendário investidor Richard Rainwater, para comprar prédios de escritórios vazios por centavos de dólar na esteira da crise das sociedades de poupança e empréstimo (S&L) da década de 1980. Eles venderam a Crescent Real Estate por US$ 6,5 bilhões no pico de 2007 e, em seguida, compraram novamente alguns anos depois com um desconto em meio aos destroços da crise financeira. Goff, que mora no Texas, agora é chairman da Crescent, com US$ 3,4 bilhões em ativos, dono do Ritz-Carlton Hotel em Dallas e da cadeia de spa Canyon Ranch, fundada no Arizona. Ele ainda adora imóveis de luxo, mas atualmente está focado no que chama de “a maior oportunidade da minha carreira de negócios”: o petróleo.
Ele caminha na contramão de muitos. Observando as manchetes financeiras, você pensa que o fim do petróleo está próximo. Em abril passado, os preços do petróleo caíram para menos de zero por um dia, refletindo os elevados estoques. As empresas do norte-americanas desativaram 60% de suas sondas de perfuração nos últimos 18 meses, enquanto mais de 100 mil pessoas perderam seus empregos em meio à falência de 46 empresas produtoras, incluindo a ex-campeã de xisto, a Chesapeake Energy, com sede na cidade de Oklahoma. A situação do petróleo nos EUA, para Goff, “é como o mercado imobiliário no início dos anos 90: havia excesso de prédios, os espaços para escritórios dobraram e estavam totalmente super alavancados.”
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Em 2008, quando o petróleo atingiu uma alta recorde de US$ 147 o barril (e o Big Oil respondia por 15% do S&P 500), toda a conversa era sobre o pico do fornecimento. Hoje, o petróleo é negociado na faixa dos US$ 53 e representa apenas 2% do índice, enquanto observadores do mercado promovem a ideia de que já ultrapassamos o pico da demanda por petróleo. Goff, 65, ri das previsões.
“Antes que o mundo não precise mais de petróleo, vamos sofrer escassez”, prevê. O mundo pode estar queimando quase 10% menos petróleo do que os 101 milhões de barris por dia pré-pandêmicos, mas “não confunda a fraqueza (na demanda) trazida pelo coronavírus com uma mudança secular”, diz ele. Goff argumenta que os veículos elétricos ainda são apenas um pontinho. “Acho que há uma enorme demanda reprimida [do consumidor]. As pessoas estão muito cansadas ”, afirma, acrescentando que os profissionais querem voltar para seus escritórios. “O petróleo e o gás vão voltar com força total.” No Brasil, a demanda por petróleo já está acima dos níveis pré-coronavírus.
Portanto, esse abutre está circulando, totalmente convencido de que, com os ativos, estruturas de capital e planos de incentivos certos, as empresas de petróleo podem prosperar. “Estamos comprando reservas no solo com um grande desconto”, gaba-se Goff. Sua principal plataforma é a Contango Oil & Gas, de capital aberto, da qual ele possui 24%. Goff supervisiona a holding no conselho e Wilkie Colyer Jr., 36, atua como CEO.
Em outubro de 2019, eles adquiriram 160 mil acres de campos para exploração de primeira linha em Oklahoma e no Texas por US$ 23 milhões. Quase ao mesmo tempo num tribunal de Oklahoma, eles arrebataram 315 mil acres da falida White Star Petroleum (fundada pelo falecido bilionário e pioneiro, Aubrey McClendon) por US$ 130 milhões. Em novembro, eles pagaram US$ 58 milhões por 180 mil acres em Wyoming, Montana e Texas. Em seguida, Goff fundiu a Contango com outra pequena empresa de petróleo, a Mid-Con Energy Partners. Assumindo um valor conservador de US$ 45 por barril, a Contango está a caminho de gerar cerca de US$ 75 milhões em lucros (após gastos de capital e pagamentos de juros) em 2021, bombeando cerca de 25 mil barris por dia. Até agora, Wall Street não deu crédito à compra de Goff. Nos últimos 12 meses, as ações da Contango caíram 34%, enquanto o índice S&P de petróleo e gás caiu apenas 20%, e o mercado de forma geral subiu 20%.
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