Dois leilões do Brasil para a contratação de usinas termelétricas que visam atendimento à demanda nos próximos 15 anos devem atrair empresas de óleo e gás, além de companhias do setor elétrico que já disputam tradicionalmente esses certames, disseram à Reuters especialistas da consultoria Wood Mackenzie.
Os leilões, agendados pelo Ministério de Minas e Energia para junho, buscarão contratar a reforma de termelétricas existentes a gás ou carvão, com autoridades afirmando que novos projetos também poderão participar. Os empreendimentos precisariam iniciar fornecimento em 2025 e 2026.
“Acho que vai ser o recorde de participação de empresas de óleo e gás”, disse à Reuters o principal analista do setor para a Wood Mackenzie na América Latina, Mauro Chavez, que espera a presença da Petrobras e outras empresas de petróleo.
Além da estatal brasileira, principal investidora em termelétricas do país, companhias como a britânica BP, a anglo-holandesa Shell e a norte-americana New Fortress Energy anunciaram recentes investimentos em ativos de geração térmica a gás no Brasil.
De outro lado, elétricas como Neoenergia, a italiana Enel e a francesa EDF são vistas como potenciais concorrentes nos certames porque buscam manter em operação ativos térmicos cujos contratos vencem nos próximos anos –essas usinas foram contratadas há anos atrás dentro de um programa federal de fomento às termelétricas, o PPT.
Ao mesmo tempo, a demanda pela compra da energia das usinas pode ser baixa, uma vez que distribuidoras de eletricidade ficaram com excesso de energia em carteira após a forte queda no consumo com a pandemia. Além disso, o governo já programou outros leilões que oferecerão a produção de usinas eólicas e solares, mais baratas e de fontes renováveis, em junho e setembro.
“Em linhas gerais, vai ser um leilão extremamente competitivo, porque tem as usinas do PPT, tem térmicas da Petrobras, e por outro lado uma demanda bastante desafiadora (por ser provavelmente baixa)”, comentou o analista da Wood Mackenzie Gabriel Dufflis.
Na disputa, a Petrobras é vista como bastante competitiva, enquanto outras empresas que preveem a modernização de usinas existentes também devem a princípio ter alguma vantagem sobre novos projetos, que geralmente demandam investimentos maiores, acrescentou a equipe da consultoria.
Grupos de petróleo e gás podem entrar na concorrência tanto com usinas próprias como em consórcios com outras empresas. Elas também devem negociar acordos de fornecimento de gás com outras empresas que estarão nos leilões, destacaram os analistas.
A estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE) cadastrou 70 projetos para um dos certames (A-4) e 79 para o segundo (A-5). Esses empreendimentos somariam 33 gigawatts e 40 gigawatts em capacidade, respectivamente. A maior parte das usinas é a gás, com poucos projetos a carvão, visto como menos competitivo na disputa, segundo os especialistas. (Com Reuters)
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