Em 26 de abril de 2011, o criador do bitcoin, Satoshi Nakamoto, enviou seus e-mails finais para outros desenvolvedores, deixando claro que havia “migrado para outros projetos”, na época entregando uma chave criptográfica que ele usou para enviar alertas para toda a rede.
Avance para abril de 2021 e a história do bitcoin está, de muitas maneiras, apenas começando. Com o preço atingindo novas máximas, acima de US$ 60 mil no exterior, há um reconhecimento crescente da invenção de Nakamoto – uma moeda digital livre do controle de qualquer governo – e de sua necessidade.
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Agora presente nas falas de músicos, políticos e defensores dos direitos humanos, o bitcoin vive um frenesi. No entanto, permanece o mistério sobre a ainda desconhecida identidade de Satoshi Nakamoto.
Uma nova pesquisa, no entanto, apresenta pela primeira vez uma exploração completa do tempo em que Satoshi Nakamoto passou desenvolvendo o projeto bitcoin.
Intitulado “Os últimos dias de Satoshi: o que aconteceu quando o criador do bitcoin desapareceu”, a pesquisa é uma visão abrangente do que Satoshi passou para lançar o bitcoin e as escolhas que fez como desenvolvedor, impactando o mundo muito depois de sua ausência.
Com base em seis meses de pesquisa, o trabalho inclui mais de 120 citações onde os leitores podem ver o contexto completo de conversas em torno de alguns momentos emblemáticos da história do bitcoin, incluindo uma reunião na sede da CIA e a primeira transição de poder no projeto.
Para quem é novo no universo das criptomoedas, as descobertas podem incentivar a explorar a história da primeira criptomoeda, o bitcoin, em mais detalhes.
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Andrew T. White/GettyImages 1. Satoshi acreditava que o bitcoin era uma alternativa ao banco central
Foram muitas as tentativas ao longo dos anos para rebatizar Satoshi como alguém interessado apenas em interromper os serviços bancários ou meios de pagamentos, a maioria evocando sua própria interpretação do artigo gravado no primeiro bloco do blockchain do bitcoin.
Olhando além do código, algumas das primeiras mensagens públicas de Satoshi foram diretamente sobre problemas com a emissão de moeda. Ele escreveu no fórum da Fundação P2P em fevereiro de 2009:
“A raiz do problema com a moeda convencional é toda a confiança necessária para fazê-la funcionar. O banco central deve ser confiável para não depreciar a moeda, mas a história das moedas fiduciárias está cheia de violações dessa confiança. Os bancos devem ser confiáveis para manter nosso dinheiro e transferi-lo eletronicamente, mas eles o emprestam em ondas de bolhas de crédito com apenas uma fração na reserva.”
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Andriy Onufriyenko/GettyImages 2. Satoshi estava ativo nos bastidores depois de “deixar” o bitcoin
Antes desta nova pesquisa, o consenso era que a mensagem final de Satoshi nos fóruns do bitcoin veio em dezembro de 2010 e que uma mensagem final aos desenvolvedores foi enviada em 26 de abril de 2011. O que aconteceu durante esse período é menos claro.
Graças aos novos emails fornecidos por Gavin Andresen, um desenvolvedor que colaborou diretamente com Satoshi e assumiu o projeto em sua ausência, essas informações agora estão mais desenvolvidas.
Na verdade, existiram algumas idas e vindas entre Satoshi e outros desenvolvedores, principalmente sobre como lidar com a publicidade que o projeto estava recebendo, entre outras questões técnicas.
Não acredito que esse fato nos deixe mais perto de entender a razão do desaparecimento de Satoshi, mas minha conclusão a partir da pesquisa é que o bitcoin já havia superado a necessidade de um único líder no momento de sua partida. -
Andriy Onufriyenko/GettyImages 3. Satoshi sabia que o bitcoin era um avanço científico
Em uma subpágina no site original da criptomoeda, o Bitcoin.org, Satoshi afirma que o bitcoin resolveu o “problema dos generais bizantinos”.
Satoshi foi capaz de inventar algo genuinamente novo, mas também de contextualizar a conquista de forma bem específica. Isso prova que ele era versado em história da ciência da computação e capaz de definir exatamente o que havia conquistado, mesmo que o mundo levasse algum tempo para entender o seu feito.
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diyun Zhu scaled/GettyImages 4. Satoshi estava realmente assustado com a ideia de que o bitcoin poderia estar comprometido
O bitcoin foi explorado em 2010 e esse erro resultou na criação de bilhões de bitcoins que violaram a política monetária do software. Satoshi foi fortemente influenciado por isso: longe de descartar o incidente como um problema isolado, a situação reorientou radicalmente suas ações e liderança.
Ele se tornou menos colaborativo com outros desenvolvedores, estava mais propenso a fazer adições e atualizações não anunciadas no software e, no geral, ficou alguns meses obcecado em tornar o software mais seguro.
Satoshi acordou para o fato de que o bitcoin era suscetível a ataques e dedicou o restante do seu trabalho a tentar impedir uma exploração fatal a todo custo.
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DouglasSacha/GettyImages 5. Satoshi administrou o bitcoin como um ditador benevolente
Atualmente, o desenvolvimento de bitcoin é um processo altamente colaborativo entre centenas de desenvolvedores em todo o mundo. Quando Satoshi dirigia o projeto, era ele e alguns outros que faziam a maior parte (senão todo) do trabalho.
No início, não havia muitos programadores do calibre de Satoshi. Eles viriam mais tarde e seriam amplamente incentivados por Gavin Andresen a se juntar ao que se tornou um projeto mais aberto e colaborativo sob sua liderança.
Dito isso, ainda acho interessante que Satoshi operacionalizou o bitcoin como um ditador benevolente, pois escreveu essencialmente o “código fonte” que foi testado por outros. Isso está bem alinhado com as práticas estabelecidas em código aberto, e é crível que Satoshi não tenha percebido que precisava inventar um novo modelo de gestão para bitcoin que fosse “descentralizado”.
Com Satoshi, o bitcoin foi parcialmente construído. Sua conclusão técnica e filosófica foi o resultado de outras contribuições posteriores.
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Malorny/GettyImages 6. Os usuários do bitcoin se tornaram críticos de Satoshi antes do fim
Em um chat de conversas entre usuários do bitcoin sobre Satoshi Nakamoto é notório como a relação com o criador da criptomoeda mudou ao longo do tempo. Houve um período de lua de mel no início de 2010, quando a maioria dos usuários estava descobrindo o software, e um despertar quando ele começou a afirmar mais ativamente sua autoridade sobre o código.
Finalmente, o último período do final de 2010 viu os usuários se desassociarem totalmente de Satoshi. Alguns faziam piadas sobre seu gênero e sexualidade, às vezes de forma explícita, e falavam de forma bastante livre e aberta sobre as frustrações que ele causava devido à falta geral de disponibilidade e incapacidade de atender às suas muitas demandas.
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Olga Shevtsova EyeEm/GettyImages 7. Satoshi removeu seu nome do software do bitcoin antes de sair do projeto
Por fim, uma última descoberta interessante foi que Satoshi “encerrou” formalmente o bitcoin, removendo seu nome da reivindicação de direitos autorais do software e deixando o código para todos os “desenvolvedores do bitcoin”.
Isso é consistente com alguém cuja dedicação meticulosa e domínio da segurança de operações pessoais permitiu que ele permanecesse um mistério até hoje. Isso é uma migalha de pão que remove qualquer dúvida sobre se ele realmente pretendia partir, mesmo que as motivações por trás da saída do projeto ainda sejam um mistério.
1. Satoshi acreditava que o bitcoin era uma alternativa ao banco central
Foram muitas as tentativas ao longo dos anos para rebatizar Satoshi como alguém interessado apenas em interromper os serviços bancários ou meios de pagamentos, a maioria evocando sua própria interpretação do artigo gravado no primeiro bloco do blockchain do bitcoin.
Olhando além do código, algumas das primeiras mensagens públicas de Satoshi foram diretamente sobre problemas com a emissão de moeda. Ele escreveu no fórum da Fundação P2P em fevereiro de 2009:
“A raiz do problema com a moeda convencional é toda a confiança necessária para fazê-la funcionar. O banco central deve ser confiável para não depreciar a moeda, mas a história das moedas fiduciárias está cheia de violações dessa confiança. Os bancos devem ser confiáveis para manter nosso dinheiro e transferi-lo eletronicamente, mas eles o emprestam em ondas de bolhas de crédito com apenas uma fração na reserva.”
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