Apenas 40% dos fundos de investimento imobiliário negociados na B3 registraram ganhos no primeiro trimestre de 2021, segundo levantamento da Smartbrain, que avalia a valorização das cotas e os rendimentos pagos pelos fundos. Entre os destaques positivos no trimestre estiveram os fundos de papel, que investem em títulos de renda fixa voltados ao financiamento do mercado imobiliário, e os fundos de desenvolvimento, que operam na incorporação imobiliária (construção e venda de imóveis).
O IFIX (Índice de Fundos de Investimento Imobiliários) acumulou queda de 1,38% no primeiro trimestre, contra queda de 2% no Ibovespa no mesmo período, impactado pelas incertezas relacionadas ao ritmo da retomada econômica brasileira em meio à pandemia, ritmo lento da vacinação e perspectivas de aumento na taxas de juros neste ano. O Boletim Focus divulgado hoje (19) projeta que a Selic termine o ano em 5,25%.
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No trimestre, os fundos que lideraram os ganhos segundo a metodologia da Smartbrain são BBFI11 (+19,98%); TOUR11 (+18,42%); e ORPD11 (+17,85%). De acordo com o especialista em renda variável da Easynvest, José Falcão, o melhor desempenho dos fundos de papel nos primeiros três meses deste ano reflete uma tendência já observada durante toda a pandemia.
“Com o isolamento social, os fundos de shopping e de escritórios (laje corporativa) são mais impactados. O risco de inadimplência, vacância, queda das receitas e do rendimento dos fundos podem ser precificados no valor da cota negociada em bolsa. Já os fundos de ‘papéis’, como CRI e LCI, sofrem menos impactos de curto prazo, pois os títulos continuam rendendo”, avalia Falcão, acrescentando que os títulos indexados à inflação preservaram capital nos últimos 12 meses e tornaram-se mais atrativos ao investidor.
Selic vs. FIIs
Em relatório do mês de março, a XP Investimentos avalia que o aumento da Selic não deve resultar em impactos significativos para os fundos imobiliários. “A Selic deve se estabilizar em patamares ainda favoráveis aos FIIs; os títulos de longo prazo já precificam a alta da Selic; e os FIIs apresentam maior rentabilidade mesmo nesse cenário”.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou em sua última reunião a Selic para 2,75% ao ano, indicando ainda que deve subir a taxa nos próximos encontros deste ano frente ao avanço da inflação no país. A inflação medida pelo IPCA nos últimos 12 meses acumula variação positiva de 6,10%.
Para Falcão, apesar do ritmo de elevação dos juros, 2021 ainda deve ser um ano positivo para o setor. A retomada das atividades com a reabertura da economia até o final do ano deve colaborar com o mercado de FIIs, já que a maior parte das receitas vem de aluguéis. No entanto, “os juros vão subir e isso torna o rendimento dos FIIs menos competitivo, além da mudança de hábito do consumidor que pode trazer algumas transformações também para este segmento.”
Segundo o especialista, ainda existem muitas perguntas em aberto quanto ao rumo do setor neste ano, tais como a forma de trabalho nas empresas (em home office, presencial ou híbrido) e possíveis mudanças no hábitos de consumo no pós pandemia. Nesse sentido, ele recomenda ficar atento aos fundos de shopping e lajes corporativas, que estão descontados (baratos) e podem apresentar uma oportunidade de valorização nos próximos meses, além dos fundos de papel indexados à inflação e os fundos de galpões logística, dado o crescimento das vendas do e-commerce e necessidade de ampliação dos canais de distribuição.
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