Eu que sou casado e tenho duas filhas – uma de nove anos e outra que está na barriga da minha esposa – sempre tive muita preocupação com o futuro da minha família e, principalmente, o futuro das minhas filhas. Acredito que os investimentos são o melhor caminho para garantir esse futuro.
Sempre tive como meta conquistar a independência financeira, mas com todo o conhecimento que adquiri, descobri que também poderia construir a independência financeira das minhas filhas. Uma possibilidade fantástica e, por incrível que pareça, bem simples, que depende somente de educação financeira e dos investimentos corretos.
Eu acho que a educação financeira das crianças deve ser dividida em três partes, são elas:
- A relação que a gente tem com dinheiro. As crianças funcionam muito por exemplos, então tudo que fazemos e falamos em relação ao nosso próprio dinheiro, vai passando naturalmente pra elas
- O dinheiro que damos a eles para administrar. A mesada ou semanada. A relação que elas têm com esse dinheiro está ligada diretamente com os exemplos que damos a elas. Crianças pequenas têm maior dificuldade em pensar no longo prazo e de esperar muito pelas recompensas, por isso a semanada funciona melhor, assim a recompensa está sempre próxima e tem mais valor para elas.
- A terceira parte é aquela que não cabe a elas escolher os melhores investimentos. Nós, pais, fazemos os investimentos pensando no futuro delas. Com a minha mais velha eu faço os investimentos diretamente em seu nome, para isso ela tem conta em banco digital e em corretora, assim eu posso transferir o dinheiro pra conta dela no banco, e do banco para a corretora, e aí comprar ações e fundos imobiliários. Eu tenho um trato com a minha filha: ela recebe R$ 50,00 por mês de mesada, mas tem a opção de gastar o dinheiro ou investir. Se escolher por investir, eu coloco mais R$ 50,00, como incentivo, assim ela sabe que o dinheiro vai crescer mais rápido.
Fazer o investimento diretamente no nome dos filhos tem diversas vantagens, como a disciplina e organização criadas por eles com os investimentos, mas acho que a maior vantagem é mesmo a tributária.
O dinheiro deixado como herança ou transferido como doação deve pagar o ITCMD (Imposto sobre Transferência Causa Mortis e Doação), um imposto estadual, ou seja, cada estado tem as suas regras quanto à alíquota e volumes para isenção.
Em estados que há algum tipo de isenção, como o de São Paulo, faz sentido a doação e o investimento diretamente nos nomes dos pequenos, porque o objetivo é que esses investimentos cresçam e se multipliquem. Se deixarmos para fazer a doação no futuro, o valor a pagar de ITCMD pode ser bem significativo, pois os investimentos estarão muito maiores.
Existem alguns argumentos para não investir diretamente no nome dos filhos, como o fato deles terem um grande valor acumulado quando atingirem os 18 anos e poderem movimentar livremente o dinheiro, mas vejo que essa justificativa está ancorada numa falha na educação dada a eles, e não ao dinheiro acumulado.
Independente da forma de investimento, se diretamente no nome deles ou no nosso próprio nome, poder proporcionar aos nossos filhos uma vida confortável, onde eles possam dedicar o futuro a um trabalho que os realize e não a um trabalho que pague bem, além de ter a independência financeira muito bem encaminhada, é algo que não tem preço.
Mas eu já sei o que você está pensando: que tipo de investimento devo fazer pra meus filhos?
As crianças têm o ativo mais importante que é o tempo, então investir em ativos que se saem bem com o passar do tempo é o melhor caminho e esses ativos são as ações.
Olhando no longo prazo – mais de 10 anos – as ações de boas empresas sempre sobem, então as crianças têm o que as empresas precisam para dar bons resultados, que é justamente o tempo.
Uma empresa é o conjunto de esforços de milhares de pessoas e de muito dinheiro envolvido, essa combinação demora para dar resultado.
Pense que uma empresa pretende expandir sua atividade e, para isso, vai construir uma nova fábrica. O tempo de construção e de entrada em operação pode levar anos, então esperar anos pelo retorno gerado é o normal.
Mas além das ações, eu acho que os fundos imobiliários são muito importantes para as crianças, não pelo retorno que eles vão dar, mas sim pela capacidade pedagógica do investimento.
A maioria dos fundos imobiliários paga seus dividendos mensalmente, esse fluxo constante de recebimentos permite que as crianças se acostumem com a mágica dos dividendos. A mesada da minha filha é paga com fundos imobiliários que ela tem, justamente por esse motivo.
Mas o mais importante são os ativos que pertencem aos fundos imobiliários. É muito fácil de explicar para uma criança que ela é dona de um pedaço do shopping preferido dela ou de um prédio bonito da sua cidade.
Ano passado, estava explicando à minha filha a relação do pagamento do aluguel de uma loja no shopping e os dividendos que ela recebe. Ela falou assim: “Se o que eu ganho vem do aluguel, eu só quero shopping que não tem loja vazia, porque loja vazia não paga aluguel”.
Eu fiquei surpreso com o raciocínio dela, mas os fundos imobiliários têm essa “pedagogia”, que permite até uma criança entender.
Se você tem filhos, comece hoje a preparar o futuro deles, dando preferência para ações e usando os fundos imobiliários como ferramenta pedagógica.
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
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