O adágio “sell in May and go away” (venda em maio e saia do mercado, em tradução livre) deve ser menos pronunciado nos mercados de câmbio e juros de países emergentes em 2021, depois de uma fraca performance desses ativos no primeiro quadrimestre do ano, avaliaram estrategistas do Morgan Stanley, que esperam alguma estabilização do real no curto prazo.
Maio é tradicionalmente visto como mês de liquidações em ativos de risco no mundo, e os resultados encontrados pelos profissionais do Morgan Stanley confirmam essa tese para moedas emergentes, enquanto no caso dos juros os retornos de maneira geral ficaram em linha com os de outros meses.
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Porém, pelos dados coletados pelo Morgan Stanley, maio tende a ser mais positivo quando os primeiros quatro meses do ano trazem fracos retornos, e vice-versa.
“Isso, junto com o fato de que a maioria das moedas e taxas de juros de emergentes teve desempenho pior no acumulado do ano, sugere que a sazonalidade do ‘sell in May’ pode ser menos significativa neste ano e pode até dar suporte a uma recuperação na dívida em moeda local”, disseram os profissionais em relatório de estratégia global, acrescentando que essa visão apoia a avaliação neutra do banco para divisas emergentes e otimista para duration na dívida emergente.
Em média, as moedas emergentes caem 2,6% neste ano, enquanto a dívida em moeda local recua 3,1%, segundo o banco.
Brasil
Sobre os ativos brasileiros, os estrategistas seguem posicionados em straddle de opções de dólar/real para um ano. O straddle é uma estratégia que reflete expectativa de que o preço do ativo-objeto (no caso, o dólar) chegue ao vencimento da opção em patamar muito diferente do visto durante a montagem da posição.
Isso se conecta com a expectativa do Morgan Stanley para a taxa de câmbio. O banco espera alguma estabilização de curto prazo no real após a aprovação do Orçamento 2021 amenizar “ruído fiscal” e conforme o Banco Central deve continuar a subir os juros.
“Contudo, nosso modelo de prêmio de risco sugere que os valuations do real estão atualmente mais neutros, sugerindo que a moeda deve permanecer altamente sensível a mais riscos de notícias negativas”, disseram os estrategistas.
No caso dos juros, o Morgan Stanley recomenda venda de DI janeiro 2024.
A instituição considera que, embora um “ponto de virada” ainda esteja a algumas semanas de distância, a barra para mais decepções no país pode estar “alta demais”, com os prêmios de risco parecendo “bastante esticados” num ambiente de posicionamento já vendido – o que, no fim, indica que os preços dos ativos já embutem boa parte das notícias negativas.
A aposta em queda do DI janeiro 2024 também decorre da avaliação de que os trechos curtos da curva espelham “agressivo” aperto monetário, enquanto os vértices da “barriga” da curva oferecem uma quantidade de prêmio “vista apenas em raras” vezes no passado.
Os estrategistas evitam recomendar venda de DI de um ano devido a riscos de que o Banco Central possa precisar ser mais duro na política monetária.
“Vemos isso como um trade tático, já que a situação permanece bastante fluida”, disseram. (Com Reuters)
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