A Usiminas deve voltar a elevar preços de aço no Brasil nos próximos meses, diante do cenário ainda aquecido de demanda e recomposição de estoques de clientes aliado à alta do dólar contra o real e nos preços internacionais da liga, que mantêm negativa a diferença de valores entre o material importado e o produto nacional.
“A tendência de preços ainda é positiva para os próximos meses. O objetivo de prêmio da Usiminas é de algo em torno de 10% e atingimos isso ao longo do primeiro trimestre”, disse o vice-presidente comercial da maior produtora de aços planos do país, Miguel Camejo, em videoconferência com analistas e investidores.
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“Mas o mercado continuou evoluindo e hoje estamos com paridade negativa em torno de 3% a 5%”, acrescentou. Segundo ele, os preço de aço da Usiminas, controlada pelos grupos Ternium e Nippon Steel, já foi 5% maior no fim de março que a média do primeiro trimestre.
O presidente da Inda, entidade que representa distribuibuidores de aços planos, Carlos Loureiro, afirmou nessa semana que desde o início do ano, os reajustes nos preços de aço das usinas ao setor somam cerca de 35%, com o mais recente de entre 10% a 12%. No ano passado, os preços do aço ao segmento subiram cerca de 90%.
Mais cedo, a companhia divulgou resultado trimestral recorde, impulsionado pelas altas de preços nos meses anteriores e por aumento da demanda. Entretanto, as ações da empresa recuavam cerca de 2% às 13h20, enquanto o Ibovespa tinha ganho de 0,7%.
O vice-presidente de finanças da companhia, Alberto Ono, afirmou que a Usiminas segue com foco em gerar caixa para bancar investimentos maiores neste e nos próximos anos e em redução de sua dívida total, apesar da alavancagem da companhia ter se mantido em 0,3 vez ao fim de março. Em razão dessas prioridades, a Usiminas pretende manter a política de pagamento de dividendos de 25%, o mínimo obrigatório, disse Ono.
O investimento previsto para 2021 é de R$ 1,5 bilhão e para 2022 Ono avalia que a cifra será semelhante, apesar da empresa não ter concluído o orçamento. Nos planos da companhia está a reforma geral do alto-forno 3 da usina de Ipatinga, que deve começar em meados do próximo ano, um projeto de cerca de R$ 2 bilhões. Em 2020, a Usiminas investiu cerca de R$ 800 milhões.
“Teremos nos próximos anos um nível de investimentos bastante elevado em relação ao que fizemos nos últimos quatro a cinco anos”, disse Ono.
Apesar dessa expectativa de aumento nos investimentos, os executivos não mencionaram quando poderia ocorrer uma reativação da produção de aço da usina da empresa em Cubatão (SP), parada desde 2015 por falta de demanda. Mas reafirmaram plano de religamento de alto-forno 2 de Ipatinga em junho, marcando uma completa reversão da postura pessimista do ano passado, quando a empresa abafou dois dos três alto-fornos da usina mineira em resposta à repentina e forte queda da demanda gerada pelo choque inicial da pandemia no país.
Por causa da produção maior, que exige mais estoques de matéria-prima e produto acabado com preços mais altos, a companhia espera que a linha de capital de giro, uma das principais do balanço de qualquer companhia, siga aumentando no segundo trimestre, disse Ono.
No primeiro trimestre, o nível de capital de giro da Usiminas disparou 67% em relação aos três últimos meses de 2020 e foi 12% maior que no início do ano passado, atingindo quase R$ 5 bilhões.
“Isso basicamente foi efeito dos maiores volumes de vendas e preços maiores…A nossa inadimplência está quase zero”, disse Ono. Ele explicou que a empresa elevou os estoques de aço em 22% sobre o fim de 2020, para 728 mil toneladas, enquanto no contas a receber houve incremento de cerca de R$ 900 milhões.
O giro do estoque de aço foi de 52 dias no trimestre encerrado em março ante 48 dias no quarto trimestre, patamar que já era considerado muito baixo pela empresa. (Com Reuters)
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