O cenário macroeconômico brasileiro ainda segue instável, refletindo as incertezas trazidas pela pandemia com forte impacto sobre a inflação, que não para de subir. Segundo o Boletim Focus da última segunda-feira (3), as perspectivas do mercado para o IPCA aumentaram para 5,04% em 2021, valor acima do centro da meta oficial determinada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 3,75% ao ano. Além do impacto direto no consumo, as expectativas inflacionárias também atingem a rentabilidade dos investimentos.
Valter Police, planejador fiduciário da Fiduc, explica que a taxa de juros tende a ser uma das variáveis mais afetadas pela escalada da inflação, pois “a expectativa [para os juros] passa a ser de alta, o que causa variações nos títulos de renda fixa, mas também muda a competição na preferência dos investidores entre renda fixa e variável, afetando assim o desempenho das ações.”
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Segundo dados do IBGE, o IPCA acumula alta de 6,10% em 12 meses, limitando assim os ganhos reais dos investimentos, principalmente na renda fixa. Diante deste cenário, o Banco Central pretende utilizar nos próximos meses a taxa de juros como instrumento ponderador a fim de conter o aumento da inflação. Os efeitos, mais uma vez, devem ser sentidos nos investimentos: “É esperado que parte desses recursos sejam alocados para ativos mais conservadores”, explica Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos. Na última quarta-feira (5), o Copom (Comitê de Política Monetária) determinou a Selic em 3,50% ao ano.
Para Villegas e Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em gestão financeira da FGV (Fundação Getulio Vargas), em contextos de aceleração na inflação, como o atual, os investidores podem apostar em alternativas que garantem a manutenção do poder de compra dos recursos, como os títulos com rentabilidade atrelada à inflação, caso do Tesouro IPCA+.
Na renda variável, os especialistas lembram que há ainda a possibilidade de investir em ações de companhias com receitas corrigidas pela inflação, como o setor elétrico, shoppings centers e serviços.
De todo modo, os cuidados em todas as carteiras são os mesmos: entender o seu perfil de investidor, compreender o cenário macroeconômico, montar uma carteira diversificada e “fazer uma boa análise do retorno esperado num horizonte de tempo determinado”, afirma Teixeira.
Diante das mudanças no cenário inflacionário, em conversa com os especialistas, a Forbes elencou três alternativas de investimentos atrelados à inflação para quem quer proteger seus recursos do forte aumento de preços.
1. Títulos Públicos Federais
Esses títulos são negociados sob o escopo do Tesouro Nacional através do Tesouro Direto, oferecendo soluções acessíveis para os investidores pessoa física. Segundo o próprio site da instituição, a categoria IPCA+ tem requisito de investimento mínimo de R$ 39,71, com vencimentos que vão de 2026 a 2055. O Tesouro IPCA+ 2026, por exemplo, apresenta remuneração de IPCA + 3,47%.
2. ETFs de inflação
Os ETFs de inflação são uma subcategoria de ETFs de renda fixa negociados em Bolsa que acompanham a rentabilidade de títulos indexados à inflação com prazos mínimos de cinco anos. Alguns exemplos são o IB5M11 e 5MB11.
No caso do IB5M11, a gestão é feita pelo Itaú Unibanco, com investimentos negociados em lotes a partir de 300 mil cotas no mercado primário e taxa de administração de 0,25% ao ano. Já o 5MB11 é gerido pelo Bradesco Asset Management, sendo negociado em lotes a partir de 300 mil cotas no mercado primário e taxa de administração de 0,2% ao ano.
3. Fundos de inflação
Os fundos de inflação também representam uma alternativa para investidores que desejam proteger seus ganhos reais e buscam aumento de seu poder de compra.
Estes fundos buscam uma rentabilidade próxima da variação da inflação investindo em ativos que sintetizam essas oscilações. Boa parte desses fundos utiliza o IMA-B – índice de referência de renda fixa criado pela Anbima – como benchmark visando replicar ou superar sua rentabilidade.
O BB Renda Fixa LP Inflação IMA-B Private Fundo de Investimento é um exemplo de fundo de inflação de longo prazo gerido pela BB Gestão de Recursos, com 0,80% de taxa de administração ao ano.
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