Quase dois anos depois de surgirem relatórios sobre um aumento insustentável no uso de eletricidade por mineradores de bitcoin no Irã, as autoridades do país prometem tomar medidas duras. Na última semana, o presidente Hassan Rouhani ordenou a proibição de toda mineração de criptomoedas durante o verão no hemisfério norte, em resposta aos apagões de eletricidade em todo o país. A proibição se aplica aos operadores licenciados e não licenciados.
“De hoje até o final do verão, qualquer atividade de mineração de criptomoedas, mesmo por quem possua licença, é ilegal para que não haja problemas no fornecimento de eletricidade para a população”, disse Rouhani em uma reunião de gabinete semanal em 26 de maio.
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Os apagões não são um fenômeno novo no Irã, mas a situação tem piorado em meio ao uso crescente de energia por mineradores de criptomoedas e à redução das chuvas que atingiram as usinas hidrelétricas do país. Em janeiro, as autoridades lançaram uma repressão aos operadores de bitcoin, mas agora estão dando um passo adiante com a proibição total.
O Ministério das Indústrias tem emitido licenças para mineração de criptomoedas por vários anos, somando 50 até o momento. Esses operadores legalizados consomem cerca de 209 megawatts de energia, mas o comércio ilegal é muito maior. Os operadores sem licença têm usado cerca de 2 gigawatts de eletricidade altamente subsidiada, de acordo com o jornal local Financial Tribune.
A Tavanir (Companhia Iraniana de Geração, Distribuição e Transmissão de Energia) avisou aos operadores que poderão ter seus equipamentos apreendidos se permanecerem com a atividade, afirmando que “o não cumprimento [da proibição] se traduzirá em confisco de seus equipamentos de mineração e corte de energia”.
A empresa iraniana também tem tentado persuadir mais operadores não licenciados a se registrar oficialmente. “Os mineradores ilegais que solicitarem uma licença do Ministério das Indústrias nos próximos quatro meses terão direito a descontos tarifários”, disse o documento.
Player global
O Irã é o sexto maior mercado de mineração de bitcoins do mundo, segundo dados compilados pela Judge Business School da Universidade de Cambridge, com 3,4% do total global. A China é de longe o mercado líder, com 69% do total.
A mineração de bitcoins consome grandes quantidades de eletricidade em todas as localidades em que ocorre. De acordo com estimativas, a mineração da criptomoeda atualmente demanda 122,6 terawatts-hora por ano, o equivalente a todo o consumo anual de eletricidade de países como Holanda ou Paquistão. Cada bitcoin é responsável pela mesma quantidade de energia consumida por uma casa nos Estados Unidos durante 48 dias.
Em 2019, um porta-voz do Ministério da Energia disse que a rede elétrica do país se tornou instável como resultado do crescimento na mineração de criptomoedas. Desde então, o setor não para de crescer, pressionando ainda mais a rede do país. Somente no ano passado, o pico de demanda por eletricidade cresceu 20%.
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