Após uma pausa patrocinada pela segunda onda de contaminações por Covid-19, indecisão sobre o orçamento e ruídos políticos, os IPOs estão de volta. Apenas na última semana, a Multilaser e a Smartfit retomaram suas ofertas de ações. No último dia 13, foi a vez da Havan retomar seu pedido de abertura de capital, abrindo caminho para uma futura listagem de suas ações. Outras oito companhias também registraram um pedido de oferta de ações neste mês à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Felipe Thut, head de investimentos do Bradesco, banco coordenador de quase 50% das ofertas que aguardam a aprovação da CVM, explica que fatores como “o início da campanha de vacinação, a definição da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e as políticas de Luna e Silva, após assumir a cadeira na petroleira para reduzir a volatilidade dos preços [dos combustíveis], deixou o ambiente mais calmo” e, consequentemente, mais favorável à retomada das ofertas. Para ele, outro ponto positivo das pausas observadas no mercado foi a possibilidade das companhias segurarem a oferta para ajustes nos prospectos, “trocando o balanço financeiro do último trimestre de 2020 para o primeiro deste ano, que em sua grande maioria apresentaram melhores resultados.”
LEIA MAIS: Tudo sobre finanças e o mercado de ações
Já Daniel Bassan, presidente-executivo do UBS BB, banco coordenador de nove das 31 ofertas em tramitação na CVM, acredita que o diferencial entre março e abril (período que registrou 18 desistências) concentra-se na dinâmica das carteiras dos investidores e nas discussões sobre a taxa de juros, “promovendo uma rotação dos portfólios para outros ativos que estavam depreciados no mercado, como ações de bancos, empresas aéreas e energia.”
Ainda de acordo com os especialistas, a depreciação do dólar frente ao real também é um aspecto que favorece um cenário mais positivo para aberturas de capital. Para Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, esse movimento ajudou os mercados ligados às commodities, “sejam eles grãos ou minérios.” Em 30 de março, a moeda estava cotada a R$ 5,80 e ontem (24) está a R$ 5,32, às 17h00, horário de Brasília.
Apesar dos três especialistas pontuarem que existem diversas variáveis que não estão no controle das companhias e dos coordenadores, o pipeline deles segue extremamente robusto para o final do ano. “A primeira janela de 2021 teve muita oferta, mesmo que até pouco tempo estivessem performando abaixo dos seus benchmarks. Com a melhora da performance devido ao esfriamento dos debates políticos e econômicos, a discussão de entrada de novas operações fica ainda mais fácil”, acredita Bassan.
Attuch espera um avanço das companhias de agronegócio no mercado de IPOs porque “as empresas que atuam com esse braço têm ganhado bastante evidência, principalmente com a alta no preço dos grãos e dos bois.” Outros setores que também estão na seara das expectativas dos especialistas são o de saúde e o de tecnologia. O Bradesco foi coordenador da Getninjas e G2D Investments, ambos estrearam na B3 em 17 de maio.
“Em 2020, foram emitidos R$ 129 bilhões em IPOs e, neste ano, mesmo com todos os cancelamentos [34], já chegamos a um volume de R$ 65 bilhões, ou seja, em maio já temos metade do que foi emitido no ano passado. Pode ser que na próxima janela de precificação [junho e julho] teremos R$ 100 bilhões e, com certeza, bateremos o recorde na terceira janela [agosto e setembro]”, espera Thut. “Esse movimento fará com que a gente ultrapasse os 28 IPOs de 2020 e talvez os 63 [recorde] de 2007.” Segundo a CVM, até o momento, 19 companhias entraram nas negociações em Bolsa apenas em 2021.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.