O real pode continuar a se fortalecer “mais intensamente” no curto prazo, passado o “susto” com a inflação nos Estados Unidos, mas a moeda brasileira voltará a ser pressionada mais para o fim do ano pelas recorrentes incertezas fiscais domésticas e pelo debate sobre redução de estímulos nos EUA, disse o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita.
Em 2021, a taxa de câmbio ainda deve se beneficiar dos preços mais altos das commodities e da posição relativa da política monetária brasileira em relação à dos EUA – o BC aqui sobe os juros, enquanto o Fed ainda promete manter as taxas perto de zero.
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“Mas não vai ser tanto esse o caso no ano que vem”, disse Mesquita ao se referir à situação da política monetária norte-americana em 2022, quando, segundo o economista, o Fed deverá reduzir estímulos, diminuindo a oferta de dólares no sistema.
Os mercados reagiam com forte alta do dólar em todo o mundo hoje (12) a dados mostrando que a inflação ao consumidor norte-americano teve em abril a maior alta em quase 12 anos, o que voltava a turbinar expectativas de alta de juros e corte de estímulos nos EUA.
“Também a gente admite que pode ter preços de commodities sustentados por mais tempo, alguns trimestres, mas a gente não acha que estamos num novo superciclo de commodities, que seria positivo para o real”, afirmou.
Mesquita explicou que o superciclo de “dez, 15 anos atrás” teve muita relação com o estágio de desenvolvimento da economia chinesa na época, que hoje está diferente.
“As commodities ajudam um pouco (o real), mas nem tanto. A política monetária ajuda, mas nem tanto. E o risco fiscal segue elevado”, resumiu o ex-diretor do Banco Central.
O Itaú projeta que o dólar fechará este ano em R$ 5,30, indo a R$ 5,50 ao fim de 2022. A moeda era negociada no mercado à vista em torno de R$ 5,26 nesta quarta-feira.
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A taxa de câmbio experimentou um importante alívio recentemente. Desde as máximas de abril, um pouco acima de R$ 5,76, o dólar acumula baixa nominal de 8,6% ante o real, com base em contratos futuros da B3. A moeda dos EUA fechou na véspera nas mínimas em quatro meses.
Ao mesmo tempo, a volatilidade implícita – uma medida de incerteza sobre os rumos da moeda brasileira – caiu a mínimas desde março do ano passado, sugerindo menos pressão cambial no curto prazo.
Para Mesquita, a queda na volatilidade implícita pode ter a ver com as recentes altas de juros pelo BC, que já elevaram a Selic em 150 pontos-base desde março, tirando a taxa de uma mínima recorde de 2% para 3,50%. (Com Reuters)
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