Em 19 de outubro de 1987, o Black Monday foi um momento emblemático para o índice Dow Jones, representando uma das maiores quedas diárias na história da Bolsa de Nova York, com desvalorização de 22,6%. Consequentemente, o Brasil sentiu os efeitos e o Ibovespa despencou mais de 16% naquele mesmo dia.
No ano passado, outro tombo para o Ibovespa ocorreu em março de 2020 quando teve início a crise sanitária do coronavírus, levando o índice Bovespa a queda de 30% em um único mês, com seis circuit breakers em oito pregões, segundo dados do TradingView.
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Momentos como estes tendem a trazer desespero para o mercado de ações e investidores, em especial os menos acostumados com a volatilidade. Os anos de 1987 e 2020 têm muito a nos ensinar, mas comecemos com um primeiro passo: como mitigar riscos e se proteger de perdas em momentos de grande desvalorizações no mercado de ações?
Fernando Barbará, gestor de renda variável do Andbank Brasil, explica que “para o investidor de longo prazo, seja ele pessoa física ou fundo, o mais importante é lembrar sempre que o investimento em empresas é algo de longo prazo e a qualidade das companhias é a melhor ferramenta de diminuição de risco.”
Não coloque todos os ovos em uma única cesta
“Nunca coloque todos os ovos na mesma cesta”. Esta é uma das regras mais básicas na composição de uma carteira de investimentos, independente do perfil de risco do investidor. Nos investimentos, o ato de não colocar “todos os ovos na mesma cesta” significa diversificar seu portfólio em diferentes classes e tipos de ativos.
A diversificação é uma ferramenta essencial para maximizar retornos e controlar perdas em seus investimentos, combinando diferentes setores da economia, além de ativos de renda fixa e renda variável, por exemplo. Nas ações, a maior vantagem de se diversificar é compensar o mau desempenho de alguns papéis, por outros que apresentam bom resultado, sempre se preservando ao máximo da volatilidade de mercado e buscando boa valorização patrimonial.
De acordo com Mauro Orefice, diretor-executivo do banco digital BS2, a forma mais simples de diversificar seu portfólio é considerar a inserção de diferentes setores da economia. Nas ações, vale escolher diferentes tipos de papéis, diversificando a carteira entre empresas pagadoras de dividendos ações de empresas defensivas – aquelas que possuem maior “perenidade”, ou seja, baixo nível de endividamento e forte geração de caixa com boa previsibilidade de receitas; e papéis com alto potencial de valorização.
A título de exemplo, podem ser consideradas ações de empresas perenes aquelas que tendem a atravessar momentos de crises, como os que citamos no início do texto, de forma mais tranquila. Papéis de empresas fornecedoras de serviços essenciais, como as elétricas, são apenas um dos setores que se encaixam neste exemplo. Já os papéis com alto potencial de valorização podem ser encontrados no setor de tecnologia, entre muitos outros.
Na carteira de investimentos, além dos setores econômicos, vale ainda diversificar entre produtos de renda fixa e renda variável, adequando a exposição entre os diferentes produtos de cada categoria levando em consideração os objetivos com os investimentos, diferentes níveis de riscos e garantias oferecidas.
Mercado futuro: proteção contra oscilações de curto prazo
O mercado futuro é o ambiente onde são negociados os contratos futuros, um tipo de contrato derivativo. A ideia central nos futuros é o compromisso entre compradores e vendedores de negociar uma determinada quantidade de ativos em uma data futura com um preço determinado previamente, no momento do contrato.
Os ativos que são objeto dos contratos futuros podem ser moedas, juros, ações, commodities e o próprio Índice Bovespa. Essas negociações são padronizadas e executadas sob o guarda-chuva da Bolsa de Valores oficial do Brasil, a B3.
Segundo Ricardo Campos, sócio e gestor da Reach Capital, os contratos futuros possibilitam uma proteção da carteira em caso de percepção de rápida mudança do mercado, permitindo a venda dos ativos ao preço estabelecido em caso de quedas, evitando, portanto, prejuízos maiores ao investidor.
Barbará reforça, no entanto, que instrumentos derivativos devem ser utilizados pelos investidores pessoas físicas que têm maior compreensão dos riscos presentes nessas operações. Para o especialista, um “portfólio diversificado e composto por empresas de qualidade, capazes de gerar valor por muitos anos, acaba sendo o mais relevante na construção do retorno de longo prazo. Ter algum caixa disponível para aproveitar momentos de volatilidade de mercado para adquirir mais ações dessas empresas, é algo muito importante e tem um efeito enorme no longo prazo”, avalia.
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