O reforço das medidas de restrição contra a Covid-19 no primeiro trimestre deste ano afetou as operações de muitas companhias brasileiras, em especial das varejistas – com impacto ainda pior sobre as que ainda iniciam o processo de digitalização de seus negócios. Conforme Pesquisa Mensal de Comércio divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início de maio, o varejo registrou uma queda acumulada de 0,6% nas vendas no primeiro trimestre. Só o segmento de tecidos, vestuários e calçados caiu 18% no mesmo período
Ainda assim, muitas varejistas conseguiram superar os resultados anteriores e apresentaram resiliência frente ao contexto, após mais de um ano de pandemia. A Lojas Marisa reduziu o prejuízo no primeiro trimestre divulgado na segunda-feira (10), ante o mesmo período do ano anterior, mas ressalta que ainda sofre os impactos pela pandemia, parcialmente compensados pela maior eficiência em despesas.
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O desempenho negativo da companhia no período ficou em R$ 53,4 milhões, contra o prejuízo de R$ 107,1 milhões um ano antes. No entanto, a receita da companhia foi menor, de R$ 415,434 milhões entre janeiro e março deste ano, queda de 27,3%, em comparação com a receita de R$ 571,775 milhões no mesmo período de 2020. A Marisa ainda assim foi beneficiada pelo aumento das vendas pela plataforma digital, de 67,3% no primeiro trimestre – com o aplicativo representando 45% das vendas digitais. Já o varejo teve queda de 30,5%.
A gestora das marcas Olympikus, Mizuno e Under Armour também mostrou recuperação em relação ao primeiro trimestre de 2020. A Vulcabras registrou lucro líquido de R$ 14,6 milhões nos primeiros três meses deste ano, uma alta de 64% ante os R$ 8,9 milhões do primeiro período de 2020. A receita líquida da companhia foi de R$ 311,9 milhões no primeiro trimestre, um aumento de 30,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, e o terceiro trimestre consecutivo de ganhos.
O CEO da Vulcabras, Pedro Bartelle, atribui o crescimento de receita no trimestre às novas coleções adaptadas à realidade do mercado neste momento e ao comportamento do consumidor.
Já a Natura &Co não seguiu na mesma linha. Na quarta-feira (12), a companhia anunciou prejuízo de R$ 156,6 milhões, ante o valor negativo de R$ 824,9 milhões no primeiro trimestre de 2020. Roberto Marques, presidente-executivo do conselho de administração e CEO do Grupo, ressaltou que o ambiente segue desafiador, “em termos sanitários, com bloqueios e restrições em alguns mercados importantes”.
A receita líquida da companhia foi de R$ 9,5 bilhões, aumento de 25,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. As vendas digitais da Natura representaram 48% da receita total, ante 33% no primeiro trimestre de 2020.
A mais nova aquisição do Grupo Soma, a Cia Hering apresentou lucro líquido de R$ 19,76 milhões no primeiro trimestre, antes de ser vendida ao grupo no dia 28 de abril. O lucro representa um aumento de 291,8% ante o mesmo período do ano anterior. A receita líquida da Cia Hering ficou em R$ 285,08 milhões, aumento de 4,8% na comparação com o ano anterior.
Paralelamente, o próprio Grupo Soma contornou as dificuldades com as restrições e trouxe resultados acima do esperado pela XP Investimentos. A receita líquida da holding foi de R$ 353,6 milhões, um crescimento de 20,1% ante o primeiro trimestre de 2020. O lucro líquido da companhia foi de R$ 14,9 milhões, revertendo o prejuízo do mesmo período do ano anterior de R$ 43,4 milhões.
De acordo com a XP Investimentos, o Grupo Soma foi favorecido pelas “vendas a preço cheio no canal online e o forte crescimento da Farm Global (+135,5% ano a ano)”.
Já a Guararapes, dona da Riachuelo, registrou prejuízo de R$ 104,9 milhões no primeiro trimestre, maior que o prejuízo dos três primeiros meses de 2020, de R$ 47,5 milhões. A empresa explicou que a performance apresentada no trimestre é reflexo da queda nas vendas em lojas, da expansão de margem bruta de mercadorias, do desempenho das despesas operacionais e do forte crescimento do resultado da operação financeira.
A receita líquida da companhia ficou em R$ 1,24 bilhão, um recuo de 23,5% ante o mesmo período de 2020. As vendas realizadas pelos canais digitais cresceram 253,5% no 1T21, representando 13,3% das vendas totais de mercadorias no período.
Na última quarta-feira (12), a Via (antiga Via Varejo) apresentou um surpreendente salto de 1284,6% no lucro líquido do primeiro trimestre, comparado ao mesmo período de 2020, aos R$ 180 milhões. A receita líquida da companhia foi de R$ 7,5 bilhões, 19,1% a mais que o mesmo período do ano passado.
O bom desempenho da Via tem como destaque a performance online, que, de acordo com a administração, é “fruto das melhorias nos prazos de entrega, da maior assertividade comercial e principalmente pela entrada de novas categorias e ganhos de marketshare”. A receita bruta do canal online apresentou crescimento aproximado de 111% nos três primeiros meses do ano comparando com 2020.
Na semana, a quinta-feira concentrou o maior volume de balanços no varejo – uma “rave” de resultados, nas palavras da XP Investimentos. As duas representantes do segmento de e-commerce no dia, Westwing e Magazine Luiza, trouxeram bons resultados, especialmente a segunda, favorecidas pela menor circulação das pessoas, com esse movimento migrando parcialmente para o varejo digital.
A Magazine Luiza trouxe R$ 8,8 bilhões de vendas no e-commerce, um aumento de 111,4%, e que representa 70% das vendas totais no período. A companhia atribui o resultado favorável à boa performance do aplicativo, entrega mais rápida e à evolução do marketplace. Em mensagem da administração, a Magazine Luiza promete acelerar ainda mais as entregas, e expandir o sistema de pedidos que chegam em uma hora, que já está disponível em 50 lojas do grupo.
A receita líquida da Magazine Luiza nos três primeiros meses de 2021 foi de R$ 8,25 bilhões, um aumento de 57,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro líquido foi de R$ 258,6 milhões, impressionantes 739,7% acima do ano anterior.
Após a estreia na Bolsa em fevereiro, a Westwing não conseguiu reduzir o prejuízo líquido do primeiro trimestre, de R$ 16,6 milhões, em relação ao resultado negativo de R$ 2,5 milhões do mesmo período de 2020. Para a XP Investimentos, o prejuízo ainda veio menor que o esperado, “por conta de menores despesas não operacionais e do impacto do reconhecimento de imposto diferido no período”.
Já o Ebitda da companhia ainda veio “pressionado por conta de maiores investimentos na operação”, e ficou negativo em R$ 22,58 milhões. A receita líquida da Westwing foi de R$ 60,57 milhões, um aumento de 83,3% ante o mesmo período de 2020.
A C&A reportou uma receita líquida de R$ 776,1 milhões no período, uma queda de 20,6% comparado ao ano anterior, que, de acordo com a companhia, se deve às restrições impostas pela pandemia e à “maior insegurança da cliente”. A companhia trouxe um prejuízo de R$ 138,5 milhões, pior que o resultado negativo no primeiro trimestre de 2020, de R$ 55,4 milhões.
A Lojas Renner trouxe resultado abaixo do esperado, na visão da XP, apesar do crescimento de 140% nos downloads do aplicativo no trimestre, totalizando 4,5 milhões e com recorde de 1,8 milhão em março. A receita líquida da companhia foi de R$ 1,58 bilhão, queda de 15,2% ante o mesmo período de 2020. O prejuízo da Lojas Renner foi de R$147,7 milhões, ante lucro de R$ 7,1 milhões no primeiro trimestre do ano passado.
Já a Arezzo viu seu lucro líquido disparar 310,7% na comparação anual, para R$ 29,6 milhões. A receita líquida da companhia no período foi de R$ 499,9 milhões, aumento de 33,2% sobre o mesmo período de 2020. De acordo com a administração da companhia, as vendas digitais apresentaram “excelente nível de maturidade”, que “permitiu que a rede novamente apresentasse resultados sólidos”.
Ainda hoje (14), Enjoei, Vivara e Restoque apresentam seus resultados depois do fechamento.
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