A notícia de que o artista norte-americano Michael Winkelmann, mais conhecido como Beeple, vendeu por US$ 69 milhões o seu NFT (Tokens Não-Fungível) “Everydays: The First 5000 Days” deixou o mercado das artes digitais eufórico, colaborando para a expansão de 1.727% nas vendas de NFTs entre 1º de janeiro e 30 de março deste ano, de acordo com o banco de dados Crypto Art. Nos 60 dias seguintes, no entanto, as vendas dos ativos recuaram cerca de 97%.
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Daniel Coquieri, CEO e fundador da plataforma de tokenização Liqi, explica que o forte crescimento nas vendas aconteceu pelo caráter de novidade introduzido pelos NFTs, mas também pelo fato dos volumes expressivos transacionados nas vendas. O artista Beeple, por exemplo, também vendeu a obra “Crossroad” por US$ 6,6 milhões. “Isso fez com que houvesse bastante barulho, virando um hype”, explica Coquieri, acrescentando que “houve um movimento irracional no mercado, mas aos poucos, as pessoas passaram a entender melhor sobre os ativos e seus valores dentro de cada segmento”, avalia.
A Brodr, marketplace de music shares (nome dado aos NFTs musicais), por exemplo, teve seus ativos esgotados durante o boom das vendas no início de 2021. “O mercado de artes digitais passou por um momento de exaltação, impulsionado pela divulgação de alguns projetos de grande porte [como o NBA Top Shot]”, explicou Ricardo Capucio, CEO da companhia, que vendeu cerca de de 7 mil obras em seu website no mesmo período. A Brodr leva um percentual das vendas (closing fee) e 5% no recebimento em cada royalty. “Somos uma startup recém-criada e estamos testando nosso modelo de negócio”, afirma o CEO.
Capucio explica que os artistas disponibilizam 50% dos direitos autorais de suas obras, que são convertidos em NFTs e vendidos de forma fracionada a investidores interessados em obter ganhos de acordo com o desempenho da obra no mercado musical. Os fonogramas do DJ LOthief rendem, por exemplo, 1,10% ao mês. O artista tem quase 1 milhão de acessos mensais no Spotify.
Confiante no potencial da combinação entre indústria musical e tecnologia, a Brodr vai lançar no fim deste mês um NFT baseado na obra de um dos maiores sambistas brasileiros. “A indústria da música foi uma das mais prejudicadas com a pandemia, mas se a classe artística entender o potencial que as artes digitais têm para gerar investimentos ao setor, os artistas podem ser uma dos maiores beneficiados no futuro”, afirma Capucio.
“Eu acredito que as NFTs irão entregar cada vez mais valor ao mercado que elas estão inseridas. Inclusive no Brasil, temos algumas iniciativas, a exemplo do leilão, que podem gerar esse retorno ao setor de forma ainda mais atraente”, avalia Coquieri.
Na noite da última quinta-feira (10), o NFT “CryptoPunk” foi vendido por US$ 11,8 milhões, segundo um tuíte da casa de leilões Sotheby’s. Entre 1º de abril de 2018 e 1º de junho deste ano, foram vendidas 220 mil NFTs pelo mundo, que movimentaram cerca de US$ 634 milhões, segundo a Crypto Art.
A primeira arte digital vendida no Brasil foi o tuíte de Deus, um perfil humorístico no twitter, em que diz: “Filhos, só uma dica: se vocês continuarem se aglomerando como se não houvesse amanhã, realmente não haverá”, em 14 de abril. A publicação, que soma mais de 17 mil compartilhamentos e 57,6 mil reações nas redes, foi adquirida por R$ 350 em ether (ETH), a segunda moeda mais negociada no mercado de criptos, de acordo com o CoinMarketCap.
Outro artista que tem ganhado destaque no mercado de NFTs é o brasileiro Heidy Teixeira, mais conhecido como Dinizbr, que vendeu 66 obras e já arrecadou mais de US$ 153 mil, ocupando a posição 416º entre os 8,5 mil artistas mundiais computados pelo Cyrpto Art.
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