O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje (30) que a implantação da moeda digital e o crescimento desse meio de pagamento também devem trazer alguns “problemas”, sobretudo para os balanços dos bancos e do BC durante um processo de conversão acelerada da moeda física para a digital.
“(A moeda digital) é como se o banco tivesse um depósito 100% de compulsório. Então tem capacidade de alavancagem menor. Então se você transforma isso de maneira muito acelerada, diminui a capacidade dos bancos de fazer crédito”, disse Campos Neto no webinar “As moedas digitais do Banco Central”, realizado pelo escritório Mattos Filho Advogados.
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Segundo ele, a parcela de depósito em caixa nos bancos brasileiros é maior do que em seus pares de países desenvolvidos, o que aumenta a capacidade de afetar o balanço dessas instituições financeiras locais.
Uma outra questão é sobre demanda diferenciada por moeda digital e física que desiguale os preços dos ativos, que deveriam permanecer pareados pelo entendimento de que a moeda digital é uma extensão do ativo físico.
“Se eu fizer isso (deixar livre a conversão) eu tenho um problema no balanço dos bancos. Se eu não fizer, posso ter um valor diferente da moeda digital para a física. Se eu tiver um valor diferente de moeda digital para a física, como é que vou falar que é uma moeda que é uma extensão da minha se ela tem uma negociação paralela com valor diferente?”
Segundo o presidente do BC, soluções apontadas em discussões internacionais passariam por imposição de taxa negativa de juros sobre depósitos em moedas digitais ou mesmo restrição de oferta dos ativos. Ele ponderou, no entanto, que o debate está em aberto.
“No final, essa resposta sobre o impacto nos balanços, ela ainda não é, para emissão centralizada, ainda não foi totalmente respondida”, afirmou, sem detalhar antes quais impactos haveria sobre o balanço do Banco Central. (Com Reuters)
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