A jornada de Richard Branson ao espaço no último fim de semana ganhou o reconhecimento de Jeff Bezos, Janet Jackson e até do concorrente Elon Musk. Mas o fundador da SpaceX é também um dos clientes do rival: no domingo, Branson revelou ao “Times”, de Londres, que Musk é um dos passageiros com assento garantido em um dos futuros voos espaciais da Virgin Galactic.
“Elon Musk tem uma passagem da Galactic”, disse Will Whitehorn, que foi presidente da companhia de 2004 a 2010 e agora é presidente da UK Space. “Eu sei porque eu vendi para ele”, contou à Forbes.
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A compra – realizada em 2006, quatro anos depois da fundação da SpaceX – custou a Musk cerca de US$ 250 mil. Um valor irrisório para a atual terceira pessoa mais rica do mundo, mas um dinheiro considerável para o Elon Musk de 2006.
Musk comprou sua passagem durante um período crucial para a SpaceX. Em 2006, foi realizado o primeiro dos três lançamentos fracassados do Falcon 1. Até hoje, Musk fala do período como altamente precário. “O último dinheiro que tínhamos”, disse ele em evento em 2017, segundo a CNBC.
A passagem de Musk lhe dá direito a um assento em um avião espacial da Virgin Galactic, que atualmente tem capacidade para oito pessoas, sendo seis passageiros e dois pilotos. A empresa planeja começar a voar com clientes em 2022.
Espaço para todos, especialmente os ricos
Branson fundou a Virgin Galactic em 2004 e, já naquela época, demonstrava um alinhamento de ideias com Musk. “Sentei-me com Elon Musk no inverno de 2004, quando ambos estávamos perante o Congresso para aprovar a emenda do lançamento espacial comercial”, lembra Whitehorn. “Ele tinha uma visão igual a de Richard, de basicamente o espaço ser um lugar lucrativo para salvar a humanidade, colocando em termos mais diretos.”
A Virgin Galactic não divulga os nomes de seus futuros passageiros ou mesmo o preço final das passagens, mas celebridades como Kate Winslet, Tom Hanks e Justin Bieber estão entre os clientes confirmados.
O relatório trimestral mais recente da empresa listou depósitos de clientes somando US$ 83 milhões, sugerindo que aproximadamente 300 pessoas se inscreveram para a viagem de 90 minutos e que permite experimentar cerca de sete minutos de gravidade zero.
Mas ainda há um bom caminho a percorrer antes que a Virgin Galactic se torne a empresa de turismo espacial de US$ 1 bilhão ao ano. De acordo com o Trefis, contribuidor de análise de ações da Forbes, as estimativas de receita para 2022 (se os voos realmente começarem) estão em torno de US$ 50 milhões, o que significa que as ações são negociadas atualmente a mais de 180 vezes suas receitas futuras. A Virgin Galactic reportou perdas líquidas de US$ 273 milhões em 2020.
A SpaceX, entretanto, tem uma proposta muito diferente. Fundada em 2002 com o objetivo de levar humanos a Marte, Musk e sua equipe foram pioneiros na reutilização de espaçonaves – uma grande inovação na redução do preço do acesso ao espaço. As conquistas da SpaceX incluem o lançamento, em 2008, do primeiro foguete a combustível líquido com financiamento privado e a primeira empresa a enviar humanos para a Estação Espacial Internacional, em 2020.
Na SpaceX, o Starlink é uma “mega constelação” de satélites, que visa fornecer serviços comerciais de internet ao redor do mundo. Enquanto o Starship é um sistema de lançamento super pesado, que levará Musk mais perto de voos espaciais interplanetários. “Os sistemas Virgin não competem com Elon de forma alguma”, diz Whitehorn. “Eles são complementares.”
Musk desejou boa sorte a Branson antes de seu voo no sábado. “Elon é um amigo”, disse Branson ao “Times” no domingo, “e talvez eu viaje em uma de suas naves um dia”.
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