O Ibovespa caiu 3,08%, a 121.800 pontos, acumulando declínio de 2,4% na semana e de 3,8% no mês, puxado pela queda das ações da Vale (VALE3), empresa com grande peso na carteira teórica do índice, e por receios de aumento nos gastos sociais com programas como o bolsa família e o auxílio emergencial, o que pode pôr em risco o equilíbrio fiscal da União. Em 2021, o índice brasileiro acumula alta de 2,34%.
Os papéis da mineradora caíram 5,08% após contratos futuros do minério de ferro na Ásia despencarem nesta sexta-feira, pressionados pela decisão de Pequim de reduzir a produção de aço – em linha com seu esforço de descarbonização – e pela redução na demanda chinesa. A companhia já tinha registrado baixa de 1,49% ontem (29), após divulgar resultados aquém do esperado pelos investidores.
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Os dados da Pnad também não animaram o mercado. A taxa de desemprego do trimestre encerrado em maio chegou a 14,6%, ante os 14,5% esperados por analistas – trata-se do segundo resultado mais alto da série histórica. No entanto, para Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, a perspectiva é de melhora: “olhando para frente, a taxa de desemprego deve seguir em compasso de recuperação gradual ao longo dos próximos meses, conforme vagas vão sendo criadas e pessoas voltam a procurar emprego, retomando o nível pré pandemia na segunda metade do ano que vem”, diz.
Persistem ainda preocupações com o comportamento da inflação, que está cada vez mais distante do centro da meta definida pelo Banco Central. Analistas estimam que a Selic chegará a 7% no final do ano, segundo a pesquisa Focus mais recente, ante os atuais 4,25%. A taxa Selic é utilizada como instrumento de política monetária para estímulo da economia e controle da inflação.
Em Wall Street, o dia foi de baixas. O Dow Jones recuou 0,42%, a 34.935 pontos; o S&P 500 caiu 0,54%, a 4.395 pontos, e o Nasdaq teve queda de 0,71%, a 14.672 pontos. A pressão regulatória da China sobre as companhias com capital aberto nas bolsas norte-americanas repeliu os investidores, que também não receberam bem os resultados trimestrais da Amazon. A gigante do ecommerce foi multada em US$ 886 milhões por autoridades europeias e projetou crescimento menor em suas vendas no terceiro trimestre, levando suas ações para queda de 2,97% hoje (30).
O dólar subiu mais de R$ 0,10 na sessão, fechando a sexta-feira a R$ 5,2097, com alta de 2,57% na venda. Em julho, o dólar subiu 4,66%. A alta mensal é a maior desde janeiro (5,53%) e fez a cotação devolver quase totalmente a queda de junho (4,77%). Em 2021, o dólar volta a acumular ganho de 0,32%.
“Sempre existe uma pulga atrás da orelha com gastos [do governo], e essas discussões causam um estresse no mercado. Mas acredito que com o debate das reformas e as promessas de cumprimento do teto de gastos a tensão diminua”, disse Alexandre Almeida, economista da CM Capital.
Almeida estima dólar de R$ 4,90 ao fim do ano, pressionado pelo esperado aumento do diferencial de juros entre o Brasil e o restante do mundo, e pela perspectiva de manutenção da oferta de dinheiro barato nos Estados Unidos. (Com Reuters)
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