A energia elétrica e os combustíveis mantiveram a inflação oficial brasileira sob pressão em junho, levando-a a bater os níveis mais altos para o mês em três anos e em quase cinco anos no acumulado em 12 meses, enquanto o Banco Central mantém a postura de aperto monetário.
Em junho, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), importante indicador para a inflação no país, teve alta de 0,53%, contra 0,83% em maio, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) hoje (8).
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Apesar da desaceleração, o resultado representa a inflação mais intensa para o mês desde de 2018 (1,26%). Mas ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,59% do IPCA.
Além disso, essa alta levou o IPCA acumulado em 12 meses a subir 8,35%, de 8,06% em maio e contra uma expectativa de 8,4%. Ao registrar a maior taxa desde setembro de 2016 (8,48%), o índice vai ainda mais além do teto da meta oficial para este ano – uma inflação de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual acima ou abaixo.
“O IPCA está num patamar acima do que foi no ano passado, e ainda é preciso ver se essa desaceleração de agora é uma tendência para o nível de preços”, afirmou o analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida.
Mais uma vez, o mês teve como destaque os preços administrados. O maior impacto individual veio do aumento de 1,95% da conta de luz, ainda que tenha desacelerado em relação ao mês anterior (5,37%). Isso por causa da adoção da bandeira tarifária vermelha patamar 2, acrescentando 6,243 reais na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos.
“Os fatores para junho foram semelhantes aos de maio, combustíveis e energia”, explicou Almeida. “Em julho, houve ajuste da bandeira tarifária e aumento já anunciado para preço dos combustíveis. Temos que aguardar pra ver o impacto.”
Com isso, a alta dos preços de habitação foi de 1,10% em junho, de 1,78% em maio. Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta no mês, com alimentação e bebidas avançando 0,43% e transportes registrando alta de 0,41%.
A alimentação no domicílio acelerou a alta de 0,23% em maio para 0,33% em junho, pressionada pelo quinto mês consecutivo de altas das carnes (1,32%), acumulando alta de 38,17% em 12 meses.
Já os combustíveis subiram 0,87% e acumulam alta de 43,92% nos últimos 12 meses, impactados em junho principalmente pela alta de 0,69% da gasolina.
A maior variação no mês ficou com vestuário, de 1,21%, enquanto comunicação teve queda de 0,12%. Já a inflação de serviços foi de 0,23% em junho, depois de os preços terem recuado 0,15% no mês anterior.
“A inflação de serviços ainda está abaixo do índice geral. É óbvio que com retomada da economia, vacinação e melhora da pandemia, isso favorece a demanda e a contratação de serviços mais pra frente. Mas não é o caso de agora”, completou Almeida.
A questão da inflação mantém as atenções em alta no mercado, conforme a economia reabre e diante de aumentos nos preços de commodities. O Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, a 4,25%, na terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual, e indicou a intenção de levar os juros a patamar considerado neutro à frente.
A ata do encontro mostrou que o BC avaliou a possibilidade de acelerar a alta dos juros naquele encontro em meio a uma inflação persistente, mas entendeu que seria mais adequado manter o ritmo de aperto de 0,75 ponto percentual, com a indicação de um possível aumento maior na reunião seguinte, em agosto.
Segundo o BC, o cenário-base aponta IPCA de 5,8% em 2021 e de 3,5% para o próximo ano, enquanto as estimativas na última pesquisa Focus são respectivamente de 6,07% e 3,77%. A visão para a no levantamento é de 6,5% este ano e 6,75% no próximo. (com Reuters)
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