As empresas de educação privada listadas na China continuam recebendo más notícias. O golpe mais recente veio de um memorando governamental que expressou a intenção de tornar as empresas privadas de educação em organizações sem fins lucrativos.
Essas empresas levantaram muito capital nos EUA. A Novo Oriental, listada em 2006, captou cerca de US$ 2,5 bilhões. A TAL Education arrecadou cerca de US$ 5 bilhões desde seu IPO, em 2010. A notória Gaotu Techedu conseguiu mais de US$ 6 bilhões. Há também a Puxin, OneSmart, RYB Education e muitas mais.
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Mas antes do anúncio de Pequim na última sexta-feira (23), os papéis dessas empresas já haviam sido questionados. As ações da RYB caíram 38% após a empresa ser acusada de abuso infantil em alguns localidades. Antes da RYB, veio a Xueda, que arrecadou dinheiro dos investidores na NYSE (Bolsa de Nova York, em tradução livre) e voltou para casa em 2015, dizendo que se listaria em Shenzhen com uma avaliação melhor. Em 2012, a Ambow Education e a ChinaCast foram deslistadas da Nasdaq após a constatação de fraudes.
Os investidores podem se perguntar: há algo equivocado na indústria de educação da China? Se os negócios privados são tão complicados, por que a Tencent e o Alibaba tiveram tanto sucesso?
Na China, é extremamente difícil operar um negócio geograficamente disperso, especialmente aqueles que operam majoritariamente em dinheiro. Os sistemas de contabilidade são frágeis, os de TI são deficientes e a estrutura jurídica não é confiável para detectar relatórios incorretos ou fraudulentos. Frequentemente, boas oportunidades de fluxo de caixa estão nas mãos de famílias bem conectadas localmente através de concessionárias de automóveis, distribuidores de produtos de luxo, distribuidores de materiais de construção de alta qualidade, operadores de educação e operadores de serviços geriátricos.
As empresas privadas de educação são geralmente intermediárias, que adquirem afiliadas usando uma estratégia mista de compra e franquia, que normalmente equivale à cooptação de empresas locais com o incentivo de investimento e expansão das vendas. Essas empresas locais tendem a permanecer como parte da rede até que apareça um negócio melhor, ou até que os custos começam a superar os benefícios no volume de negócios, separando-se novamente, mas muitas vezes mantendo a marca. Afinal, eles pagaram por isso.
Enquanto uma empresa está crescendo o suficiente para atrair rodadas de investimento e, em última análise, um IPO, as afiliadas franqueadas participam felizes. Nos primeiros meses após a listagem pública, geralmente todos permanecem satisfeitos, mas os custos de manutenção da rede tendem a exceder os lucros da empresa. Assim, comprar participações minoritárias em empresas afiliadas ou mesmo adjacentes da cadeia de valor é o modus operandi chave, mas o relacionamento pode se desgastar sob as pressões comerciais que, inevitavelmente, aparecem.
Esse é o problema fundamental enfrentado pelas empresas privadas de ensino e, de certa forma, a origem das fraudes. Os relatórios da Muddy Waters mostram que a New Oriental, que afirma ser proprietária de todas as suas afiliadas, é na verdade uma rede de franquias. Os relatórios mostraram ainda que o negócio de franquias não era tão lucrativo quanto a companhia levava os investidores a acreditar. Parece que a TAL Education tem usado táticas semelhantes, com a estratégia mais familiar de “suporte e túnel” – sustentar a receita divulgada publicamente para impulsionar a valorização das ações e canalizar os ganhos falsos em ativos intangíveis inchados, custos de aquisição exagerados e encargos de capital.
Todas elas estão em uma rede de empresas e fundos não listados, com contrapartes que facilitam relatórios de receitas, custos de marketing e valores de aquisição fraudulentos.
Em última análise, os negócios privados em escala são uma contradição para a economia chinesa, e um fenômeno nunca contemplado na visão da economia de mercado socialista do país.
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