A indústria siderúrgica elevou as previsões de desempenho para 2021, animada com a demanda pela liga vinda de vários setores, incluindo construção civil, máquinas e equipamentos e veículos pesados, segundo dados divulgados hoje (22) pelo órgão que representa o setor.
O Aço Brasil atualizou a expectativa divulgada em maio de aumento na produção de aço bruto no país neste ano, de 11,3% para 14%, a 35,8 milhões de toneladas. A entidade também elevou a previsão de crescimento das vendas no mercado interno, de 12,9% para 18,5%, a 23 milhões de toneladas.
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Já a expectativa para o consumo aparente, medida que considera vendas internas e importação, passou de alta de 15% para 24,1%, 26,6 milhões de toneladas.
Se concretizada, a produção de aço bruto será um recorde em volume para o setor no país. Já a métricas de consumo aparente e vendas internas será a maior desde 2013, informou a entidade.
“Construção civil…indústria de veículos e máquinas estão retomando, bens de capital, linha branca também têm tido retomada muito consistente do consumo”, disse o presidente do conselho do Aço Brasil e vice-presidente da Gerdau no Brasil, Argentina e Uruguai, Marcos Faraco, a jornalistas.
“É isso que está sustentando a visão para o consumo aparente”, acrescentou.
Em junho, as siderúrgicas do país produziram 3,12 milhões de toneladas, perto dos 3,16 milhões de toneladas de maio, já o maior volume desde outubro de 2018. Ante junho de 2020, a produção subiu 45,2%. Já as vendas internas saltaram 32,8% ano a ano, para cerca de 2,1 milhões de toneladas.
Com isso, o nível de ocupação da capacidade instalada, de 51 milhões de toneladas de aço bruto por ano, fechou junho em 73%, após ter atingido 45% em abril de 2020. O setor afirma que o ideal para fazer frente aos custos fixos é uma uso acima de 80%.
A entidade também divulgou projeção de que o setor siderúrgico investirá 8 bilhões de dólares até 2025 ante investimentos acumulados entre 2008 e 2020, de 28,2 bilhões.
PREÇOS
Na apresentação a jornalistas, o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, evitou comentar sobre a ameaça do ministro da Economia, Paulo Guedes, na semana passada, de reduzir a tarifa de importação de aço, caso o setor não segure reajustes de preços.
“Para que precisa de redução de imposto de importação? A não ser para o único objetivo: melhorar a margem de quem está no negócio de importar aço”, disse Lopes. “Não nos parece razoável, sem que haja uma excepcionalidade no mercado, o governo brasileiro reduzir o imposto de importação de aço”, acrescentou.
Segundo ele, o mercado nacional está plenamente abastecido e as importações têm fluído, mesmo sem uma redução do imposto. Em junho, a entrada de aço produzido no exterior no país disparou quase 125% sobre mesmo mês de 2020, segundo o Aço Brasil. No semestre, as importações acumulam alta de cerca de 94%.
Lopes afirmou que o setor está trabalhando com Guedes “uma política de abertura comercial do governo”, mas não detalhou.
Questionado sobre os riscos para o setor siderúrgico de um racionamento de energia, o executivo afirmou que o setor não teme possíveis medidas forçadas de economia de eletricidade, diante dos baixos níveis dos reservatórios de hidrelétricas. Mas receia o impacto nos custos pelo consumo de energia mais cara produzida por térmicas.
“Não há preocupação em relação a racionamento. O Brasil hoje é um país diferente de 2001, com uma rede de distribuição completamente diferente”, disse Lopes. (Com Reuters)
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