A imprevisibilidade das medidas regulatórias da China torna o país desinteressante para investidores estrangeiros no curto prazo, após as últimas repressões nos setores de tecnologia, propriedade e educação, disseram gestores de fundos globais.
No entanto, se essas medidas se transformarem em reformas significativas que protegessem dados e reduzissem práticas monopolistas, elas poderiam aumentar a atratividade de longo prazo da China, disseram os gestores no Reuters Global Markets Forum nesta semana.
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“Acho que os investidores simplesmente não gostam da incerteza de não saber qual é a próxima surpresa indesejável”, disse Mark Haefele, diretor de investimentos da UBS Global Wealth Management.
Haefele, que comanda o maior administrador de fortunas do mundo, com US$ 3,2 trilhões em ativos, disse ainda ser cedo e que esperará para ver “quanto tempo isso vai durar”.
Investidores estrangeiros serão “absolutamente” cautelosos sobre aumentar seus investimentos na China no curto prazo, disse Yicheng Zhang, presidente executivo da empresa chinesa de private equity CITIC Capital.
Embora as medidas regulatórias da China fossem esperadas devido à mudança de foco do país para “prosperidade comum”, as táticas específicas usadas foram surpreendentes e causaram ondas de choque, disse Zhang, de Hong Kong, que administra US$ 36 bilhões.
“Fundamentalmente, isso também me surpreendeu, transformando algumas dessas empresas de uma hora para outra em entidades sem fins lucrativos”, disse ele, acrescentando que as preocupações dos investidores estrangeiros sobre essas medidas e a falta de respeito pelos direitos de propriedade eram compreensíveis.
Os movimentos da China para liberalizar seus mercados financeiros nos últimos anos, bem como seus “valuations” baratos dentro dos mercados emergentes, também estão ajudando a manter o apelo do país no longo prazo.
“A China deseja continuar a abrir seus mercados financeiros e reconhece que, para fazê-lo de forma eficaz, precisa agir com mais cautela ao instituir essas reformas”, disse Haefele.
“Essa poderia ser uma narrativa muito positiva”, acrescentou.
Haefele disse que sua exposição à China está alinhada com uma ampla alocação de longo prazo para os mercados emergentes e que está otimista em vários setores, incluindo fintechs, tecnologia de saúde, sustentabilidade e 5G.
Justin Onuekwusi, chefe de fundos de multiativos de varejo da LGIM, disse que sua empresa continuou a manter em carteira ações chinesas, pois representavam um valor melhor nos níveis atuais do que seus pares europeus e norte-americanos.
Enquanto isso, o diretor de investimentos do grupo AIA, Mark Konyn, que administra US$ 230 bilhões, viu as repressões como apenas uma fase de transição.
Zhang acredita que a China pode receber investimentos a longo prazo, já que as ações não representam uma mudança na direção das políticas econômicas. “As pessoas vão entender que isso é mais um acidente do que uma tendência.”
As ações do governo na verdade esfriaram parte do “frenesi” do mercado, tornando os “valuations” em alguns setores bastante baratos, disse ele.
Zhang disse que a estratégia de investimento da CITIC Capital está focada em setores tradicionais relacionados com aquisições de participação em empresas, incluindo serviços empresariais, consumo, saúde e tecnologia não ligada à internet.
No entanto, o setor de educação atingiu o “fundo do poço”, disse Zhang, acrescentando que, com a perspectiva para a política econômica no curto prazo parecendo incerta, “é melhor ficar de fora por enquanto”. (Com Reuters)
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