O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou hoje (14) que o BC provavelmente terá que atuar no câmbio por conta de demanda associada ao desmonte do overhedge (proteção cambial adicional dos bancos) no final do ano.
Ao participar do evento MacroDay 2021, promovido pelo banco BTG Pactual, ele disse que a volatilidade cambial que existe está ligada à compra grande associada ao overhedge e que o BC tem acompanhado os fluxos.
Segundo fonte com conhecimento direto do tema, há demanda de cerca de US$ 15 bilhões que devem ser executados até 31 de dezembro por mudanças de tributação da variação cambial de investimentos no exterior, que começaram a entrar em vigor no final do ano passado.
Falando em condição de anonimato, a mesma fonte pontuou que o BC deve dar indicações mais precisas sobre este volume em comunicações à frente.
Durante o evento de hoje, Campos Neto buscou frisar que a existência de demanda “muito grande” associada ao tema do overhedge será por questão técnica pontual em torno da virada do ano.
“Grande parte do processo de desvalorização (da moeda) foi no ano passado. Este ano a gente tem tido uma desvalorização menor, alguma volatilidade, mas não uma tendência, a gente vê isso claramente”, afirmou.
“De fato demorou um pouco para o tema de termos de troca e o tema de fluxo começar a bater nos preços”, completou.
Campos Neto avaliou que boa parte do fluxo cambial de portfólio que saiu do Brasil ainda não retornou, tendo sido direcionado para a Ásia, com grande parte capturado pela China.
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“Tem muito dólar que não voltou para o país, ou seja, tem muito dólar que está represado e que está fora, que pode voltar em algum momento”, afirmou ele.
“A gente entende que é um processo natural, é a decisão de quem gerou esse dólar de trazer ou não, a gente entende que o mercado operando livremente é a melhor forma possível”, acrescentou.
CONTROLE DA INFLAÇÃO
No mesmo evento, Campos Neto afirmou que o plano de voo do BC para o controle da inflação mira horizonte mais longo e que, apesar de algumas surpresas inflacionárias, a autoridade monetária acha importante comunicar que não reagirá a cada dado novo.
Questionado se a mensagem de que fará o que for necessário para a inflação era direcionada para o ciclo de alta da Selic e para o ritmo de aperto, ou somente para o ciclo, ele buscou esmiuçar a intenção do BC com a comunicação adotada.
“Quando a gente fala ‘whatever it takes’ (fazer o que for necessário) basicamente a gente está querendo dizer o seguinte: a gente tem um instrumento na mão que vai ser usado da forma como ele precisa ser usado e a gente entende que a gente pode levar a Selic até onde precisar ser levada para que a gente tenha uma convergência da meta no horizonte relevante”, afirmou.
“Mas a gente também gostaria de dizer que isso não significa que o BC vai reagir, que vai ter alterações no plano de voo, a cada dado de alta frequência que sai. Ou seja, algumas coisas a gente tem comunicado, já tinha antecipado, algumas coisas de disseminação (de inflação) estão um pouco piores de fato na ponta, mas a gente tem um plano de voo que a gente olha num horizonte mais longo. Isso não significa que você não vai atingir o objetivo de estabilizar, de fazer a convergência da inflação à frente”, completou.
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