“A história da nossa vida tem muito a ver com jornal e muito a ver com a imprensa”, diz o bilionário self-made de 37 anos Marino Colpo, fundador e CEO da empresa de sementes Boa Safra. Ele trabalha com agronegócio, não com mídia, mas seu pai, nascido no sul do Brasil, decidiu se mudar para Goiás após ler em um jornal que “Brasília era a cidade dos novos horizontes”.
Décadas depois, também ao ler em um jornal, Colpo perguntou ao pai o que era um IPO. Então, seu pai respondeu: “os grandes empresários e caras espertos fazem IPO e chegam na bolsa de valores”, relembra Marino.
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“Naquele dia, em 2005, a Boa Safra ainda não existia nem na minha cabeça, mas eu olhei para o meu pai e disse que um dia eu também faria um IPO”, afirma. Em abril de 2021, 16 anos depois dessa conversa, o sonho do empresário foi realizado e sua companhia movimentou R$ 459,9 milhões com a oferta pública inicial de ações na B3.
Os papéis SOJA3, que estrearam a R$ 9,90, terminaram o primeiro pregão com alta de 46,46%. Ontem os papéis fecharam a R$ 14,13. Até o momento, o pico das ações aconteceu no dia 17 de maio, a R$ 16,88. Em relação ao valor de abertura do dia de estreia, a valorização acumulada no ano é de 42,7%.
Mas o executivo quer que a Boa Safra tenha mais pares do setor de agronegócios no mercado de capitais. O desejo de Colpo é que a B3 seja “uma bolsa com mais a cara do Brasil”. “Tem uma distância muito grande entre a Faria Lima (centro financeiro da capital paulista) e o agronegócio. Hoje, o agro é 26% do PIB, mas não chega nem a 2% da Bolsa”, afirma.
Para aumentar a força do agro no mercado de ações, ele acredita que um “IPO raiz” é uma boa estratégia para atrair capital. “O investidor sabe quando uma parte do dinheiro de um IPO vai para fundos e acionistas e quando o dinheiro vai 100% para a empresa. Acho que um IPO raiz, como gosto de chamar, atrás de dinheiro para crescer, traz força, e era isso que a gente buscava”, diz.
Após a estreia na bolsa e as altas nos papéis de sua empresa, Marino também entrou na lista exclusiva de bilionários da Forbes, ao lado de sua irmã Camila Colpo, cofundadora da Boa Safra. Ambos estão juntos na 223ª posição, com fortuna de R$ 1,81 bilhão.
Sediada na cidade de Formosa (GO), a 80 km de Brasília, a Boa Safra apresentou crescimento de 38% na receita líquida, no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em 30 de junho de 2021. O equivalente a R$ 592 milhões. No mesmo período, o lucro líquido cresceu 84% entre julho de 2020 e julho de 2021, em relação a igual intervalo anterior.
O CEO explica que estes ganhos estão principalmente relacionados com o aumento de volume da companhia. Em 2020, a empresa encerrou o ano com produção de cem mil bags. Ou seja, cem mil bolsas com cinco milhões de sementes de soja cada uma. Para 2021, a estimativa é de 130 mil bags e, para 2022, 170 mil, o que corresponderia a um crescimento anual de 30%.
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Colpo afirma que será possível atingir a meta de crescimento de 30% em volume no próximo ano com a construção de novas unidades de produção. Esse foi o objetivo principal da realização do IPO. Atualmente, a Boa Safra opera com cinco plantas, das quais três pertencem à própria companhia e duas terceirizadas.
A estreia da empresa na Bolsa previa um plano de expansão de cinco anos, com abertura de uma nova unidade por ano. A primeira deve estrear no início de 2022, na Bahia, para atender com sementes de soja a região Norte do país. A segunda será construída no Mato Grosso, a terceira em São Paulo, a quarta no Piauí e a quinta no Paraná, em 2026.
Com o crescimento de volume nos próximos cinco anos, o principal sonho do executivo é se consolidar no mercado de sementes brasileiro. Atualmente, a Boa Safra detém 5,7% desse mercado, com presença em 70% dos estados brasileiros produtores de soja.
Aos 37 anos, Marino Colpo é também um dos CEOs mais jovens no mercado de capital – e um dos únicos 13 bilionários com menos de 40 anos listados no ranking da Forbes. Para ele, a experiência menor em comparação com outros presidentes pode ser um desafio. Por isso, o conselho da Boa Safra é formado também pelos ex-CEOS Gerhard Bohne, da Bayer, e Júlio Piza, da Basil Agro, destaca o executivo.
Com mais de 40 mil acionistas de varejo na B3, Colpo argumenta que o investidor brasileiro “entende que o agronegócio está indo bem e quer investir nas empresas que fazem parte dessa produção”.
“Existe uma grande oportunidade para mais empresas do agro buscarem o mercado de capitais. O Brasil está mudando, e as pessoas querem investir na Bolsa”, afirma.
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