Os preços das criptomoedas despencaram hoje (20) durante uma liquidação generalizada do mercado provocada por preocupações sobre um default potencialmente catastrófico da dívida na China, empurrando muitas das maiores moedas digitais do mundo para seus níveis mais baixos em mais de um mês.
O valor das criptomoedas do mundo despencou para menos de US$ 1,9 trilhão às 16:30 do horário de Brasília, quase 11% menos do que 24 horas antes e refletindo uma perda de mais de US$ 250 bilhões, de acordo com o site de dados sobre criptomoedas CoinMarketCap.
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Considerando as perdas de valor de mercado, o preço do bitcoin caiu 9% para menos de US$ 42.669. O ethereum recuou quase 10% para um mínimo de US$ 2.940, marcando os seus níveis mais baixos desde o início de agosto.
Mesmo os tokens que dispararam recentemente, como o sol, de Solana, e o ada, de Cardano, caíram cerca de 10% no auge da liquidação.
Jonas Luethy, da corretora de ativos digitais GlobalBlock, disse que a súbita retração ocorreu depois que as ações da gigante imobiliária chinesa Evergrande, que tem mais de US$ 305 bilhões em passivos, despencaram para seu nível mais baixo em 11 anos, desencadeando uma forte liquidação de ativos. Como os analistas alertaram, o colapso potencial da empresa pode representar riscos para o mercado mais amplo.
Também como motivo para a venda em um cenário de tensão, Luethy apontou o aumento do controle regulatório para o segmento criptomoedas, com a Bloomberg relatando no fim de semana que Binance, a maior bolsa de criptoativos do mundo, está sob investigação por reguladores dos EUA por possível negociação com informações privilegiadas e manipulação de mercado.
Com a queda dos preços, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou que o país aproveitou a oportunidade e “comprou a queda” pela segunda vez neste mês, gastando cerca de US$ 6,5 milhões para aumentar suas participações em criptomoedas em 150 bitcoins.
Evergrande, a segunda maior incorporadora imobiliária da China, alertou os bancos na semana passada que não seria capaz de pagar as dívidas com vencimento neste mês, provocando uma queda acentuada no setor imobiliário chinês. As perdas se espalharam rapidamente para mercados mais amplos, à medida que especialistas começaram a alertar que o calote poderia criar um “momento Lehman” chinês, escreveu o analista de mercado Tom Essaye, autor do “Sevens Report”, em uma nota na semana passada, referindo-se ao banco de investimento americano que faliu na crise econômico-financeira de 2008.
“Não há clareza suficiente sobre como os desafios da Evergrande podem afetar a economia global e essa incerteza é suficiente para assustar os mercados”, disse o consultor de riqueza David Bahnsen, do The Bahnsen Group da Califórnia, por email hoje.
Juntamente com as medidas de adoção históricas, o burburinho em torno dos colecionáveis digitais conhecidos como NFTs (tokens não fungíveis) e as preocupações com o aumento da inflação ajudaram o mercado de criptomoedas a reduzir as suas perdas, reagindo à queda de quase 50% no início de maio provocada por regulamentações chinesas, embora ainda esteja em queda de quase 25% de um recorde histórico há quatro meses.
Em uma nota no início deste mês, analistas do JPMorgan alertaram que o crescimento recente do mercado para criptomoedas menores provavelmente reflete “a mania do investidor de varejo”, e apontaram que tal mania historicamente resultou em correções de quase 50%.
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