A FTX.US, afiliada americana da exchange global de criptomoedas FTX International, do bilionário Sam Bankman-Fried, está apostando que poderá replicar sua estratégia bem-sucedida para competir no sempre lotado mercado dos EUA. A empresa anunciou na terça-feira (31) que vai começar a oferecer derivados de criptomoedas a seus clientes.
A exchange negociou a aquisição da empresa controladora da LedgerX LLC, uma operadora de derivados de cripto regulamentada pela CFTC (Associação de Comércio de Commodities e Futuros, na sigla em inglês), por uma quantia não revelada. Derivados são instrumentos financeiros, como futuros, cujo preço é baseado no valor de um ativo subjacente. A LedgerX atualmente oferece futuros, opções e swaps em bitcoin e ether.
LEIA MAIS: Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Se o negócio for concluído, o que pode acontecer já em outubro, a FTX.US poderá oferecer aos clientes norte-americanos uma linha de produtos distinta daquela dos pesos pesados da indústria, como Coinbase, Kraken e Gemini.
“Queremos fincar nossa bandeira em algo que seja exclusivamente nosso”, diz Brett Harrison, CEO da FTX.US. “Entrar no mercado de derivados é um passo natural. A FTX International há dois anos administra uma exchange com um volume mensal de US$ 500 bilhões em derivados sem ver liquidações graves e quase nenhum tempo de inatividade. Parece que isso está claramente dentro das nossas capacidades.”
Vem a calhar o fato de a FTX.US ter essa experiência, já que a exchange ainda está procurando causar um grande impacto no sempre competitivo mercado spot de criptomoedas dos EUA. A operadora está crescendo rapidamente. Harrison disse que em janeiro de 2021 tinha uma média de US$ 1 milhão em volume de negociação à vista por dia, mas nas últimas 24 horas esse número já chega a mais de US$ 350 milhões, de acordo com a CoinGecko. Ainda assim, essa é uma pequena fração do volume diário negociado pela Coinbase (US$ 4,6 bilhões), pela Kraken (US$ 1,2 bilhão) ou pela Binance.US (US$ 1 bilhão). A Binance.US é a franquia americana da Binance.com, a maior exchange de criptomoedas do mundo. Esses números também não levam em consideração o rápido crescimento no volume de transações de criptoativos feitas por meio do PayPal, Square e Robinhood nos últimos meses.
O mercado de derivados regulamentados nos EUA, por outro lado, é bem menos concorrido. O principal player é a Chicago Mercantile Exchange (CME), que atualmente tem US$ 1,63 bilhão em contratos de derivados em aberto (aqueles que ainda não foram liquidados) em futuros de bitcoin. Ela também oferece futuros de ether e opções de bitcoin. No entanto, se sairmos das fronteiras norte-americanas, o mercado se torna muito mais denso e competitivo. A FTX International é a terceira maior bolsa de derivados do mundo, com US$ 2,3 bilhões, mas ainda está muito atrás da Binance (US$ 4,15 bilhões) – a LedgerX não entra no top 10. A CME foi brevemente a maior do mundo em termos de contratos de derivados em aberto no fim de 2020, mas desde então caiu para a quinta posição.
Portanto, mesmo no ambiente menos competitivo dos EUA, a FTX.US terá que correr para alcançar os concorrentes. A questão então passa a ser quem fará o trading, o que é importante porque os produtos derivados de criptoativos têm sido usados como bodes expiatórios por alguns na indústria por acentuar os movimentos do mercado e causar quedas rápidas de preços.
Harrison diz que as bases de clientes da FTX.US e da LedgerX compartilham perfis semelhantes (70% institucionais, 30% varejo), sugerindo que instituições como fundos de hedge e mesas proprietárias serão as primeiras a comprar esses produtos. No entanto, a LedgerX visa especificamente a indústria de varejo com algumas de suas ofertas. Um exemplo são seus pequenos contratos, como o “bitcoin mini” (no valor de 0,01 BTC, ou aproximadamente US$ 469 atualmente), e vídeos educacionais feitos para ajudar os investidores de varejo a começar a usar esses produtos.
Quando questionado sobre o valor e a necessidade de tais produtos, dada a natureza já volátil dos criptoativos, Harrison apontou que, ao contrário de algumas opiniões negativas, os derivados (de cripto ou não) são uma ferramenta eficiente e necessária para mercados saudáveis. “Eles são meios muito mais eficientes de negociação quando duas partes estão interessadas em ter exposição financeira a um ativo específico, mas não estão tão interessadas em necessariamente deter esse ativo ou mantê-lo em carteira.” Ele também observa que isso é especialmente útil no caso dos criptos, já que muitas pessoas ainda têm receios em possuir esses ativos de forma individual. Essa percepção também foi compartilhada por Sam Bankman-Fried em uma entrevista recente à Forbes.
Harrison também explicou que, embora a empresa tenha planos futuros para fundir as ofertas de produtos das duas operações, ela será cuidadosa em relação a quais clientes que poderão comercializar esses produtos. Ele quer transmitir um grau de seriedade com a plataforma e não promover uma experiência ‘gamificada’. “É importante deixar claro desde o início que esta é uma plataforma de negociação, não é um jogo no qual se arrisca tudo. Esse não é nosso objetivo. Queremos que as pessoas negociem com segurança e responsabilidade. ”
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.