A empresa de investimentos XP Inc anunciou, com exclusividade à Forbes, o lançamento de uma mesa de gestão de fortunas em Miami para ampliar os serviços oferecidos às assessorias financeiras que atendem famílias abastadas – com patrimônio de ao menos RS$ 30 milhões – no Brasil.
Com a nova base nos Estados Unidos, a corretora poderá viabilizar a internacionalização de investimentos desse público. A XP possui contrato com 120 assessorias financeiras do tipo “multi-family office”, das quais 52 já estão direcionadas para a mesa na Flórida.
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Rogério Carvalho, sócio e head de Wealth Services da XP Inc, explica que no Brasil a gestão de patrimônios familiares pela empresa acontece por meio de modelo B2B (business to business). Ou seja, a XP oferece seus serviços às assessorias que atendem as famílias. Esse modelo garante a independência dos gestores de investimentos e do trabalho realizado na alocação de ativos, segundo ele.
A nova mesa em Miami fará parte do atendimento aos escritórios brasileiros. Será possível, por meio da mesma corretora, investir nos mercados internacionais sem depender de produtos como ETFs, BDRs e mesmo fundos que sofrem as variações do câmbio.
“Esses produtos locais são bons para democratizar o investimento nacional, mas famílias do mundo High e Ultra High [que têm patrimônio médio de R$ 30 milhões] ficam mais confortáveis com uma parcela de seus ativos fora do Brasil, sem oscilações tão grandes”, afirma Carvalho.
O head de Wealth Services da XP em Miami, Rafael Pina, que estará à frente da nova mesa, afirma que investir diretamente nos EUA permite ter acesso a produtos de diversificação que fogem do risco cambial e de fronteira. “É uma forma de blindar o patrimônio das famílias das instabilidades do Brasil”, diz.
Outra vantagem é que, nos Estados Unidos, não há restrições geográficas para a composição de uma carteira, ao contrário do que ocorre no Brasil. É possível, por exemplo, investir diretamente nas bolsas de outros países, o que amplia as possibilidades de diversificação de portfólio.
Os escritórios que atendem famílias superricas têm se interessado cada vez mais pela internacionalização dos investimentos, segundo Carvalho. “No começo do ano, os investimentos no exterior correspondiam a 20% a 25% dos portfólios. Agora, com a proximidade das eleições e o receio do aumento do risco Brasil, esse número está entre 40% e 50%”, diz ele.
No Brasil, a mesa de gestão de fortunas da XP começou o ano com R$ 20 bilhões em ativos sob custódia, e deve encerrar dezembro com R$ 50 bilhões. Para 2022, a projeção é chegar a R$ 100 bilhões.
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A empresa estima que a nova mesa lançada em Miami terá US$ 7 bilhões em custódia até 2023, o que representa cerca de 35% de toda a operação fora do país. Além disso, a XP quer ampliar dos atuais 52 para 100 o número de “multi-family offices” atendidos pelo braço nos EUA.
Carvalho e Pina afirmam que a nova operação simplificará o acompanhamento pelos escritórios e investidores da alocação dos ativos. “Em termos de interface, é mais fácil para as famílias entender o investimento internacional como parte da estratégia da carteira”, argumenta Pina. “É um trabalho integrado. As pessoas responsáveis por ativos nacionais e internacionais se conhecem e trabalham juntas”, diz.
Para ter seus investimentos internacionais gerenciados pela estrutura lançada em Miami, o escritório precisa ter sido contratado pela XP no Brasil. “Podemos ter uma assessoria financeira brasileira [focada em famílias superricas] usando apenas a nossa estrutura offshore, mas ainda não temos casos assim e não devemos ter, pois a integração entre as duas bases é um de nosso diferenciais”, diz Carvalho.
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