Em meio ao retorno de ameaças de greve de caminhoneiros em razão da alta dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro anunciou hoje (21) que o governo vai oferecer a cerca de 750 mil caminhoneiros autônomos uma ajuda para compensar o aumento do preço do diesel.
“Decidimos então – os números serão apresentados nos próximos dias -, nós vamos atender aos caminhoneiros autônomos, em torno de 750 mil caminhoneiros receberão uma ajuda para compensar o aumento do diesel”, disse.
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“Fazemos isso porque é através deles que as mercadorias e os alimentos chegam nos quatro cantos do país”, justificou o presidente logo em seguida, em discurso no evento de inauguração do Ramal do Agreste, no interior de Pernambuco.
Bolsonaro não deu detalhes da medida, dizendo apenas que nos momentos difíceis o governo não vai deixar ninguém para trás. Ele reconheceu o alto preço dos combustíveis, mas ressalvou que uma parte considerável do insumo consumido no Brasil é importada e “temos que pagar o preço deles lá de fora”.
Nesta manhã, no Rio de Janeiro, houve um movimento de caminhoneiros que transportam combustíveis, os tanqueiros, para impedir a entrada de caminhões nas bases de abastecimento de combustíveis em Campos Elíseos, no Estado do Rio de Janeiro. As unidades fecharam as portas para evitar tumulto e depredações, afirmou em nota nesta quinta-feira o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e de Lojas de Conveniência do Município do Rio de Janeiro.
O mais recente anúncio de Bolsonaro de uma despesa do governo acelerou a queda do Ibovespa que, às 14h46, marcava um recuo de 3,67%, a 106.766 pontos, nova mínima intradiária em 2021. A nova iniciativa ocorre no momento em que o mercado já vinha reagindo negativamente à possibilidade de o governo furar o teto de gastos para pagar o novo Bolsa Família.
No discurso, Bolsonaro repetiu que está acertado que o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, será de R$ 400, mas novamente não relatou de onde o governo vai tirar recursos para financiá-lo.
O presidente atribuiu a inflação dos combustíveis às consequências da política de isolamento social para conter a pandemia. Segundo ele, o “fique em casa” seria uma tentativa de quebrar a economia e tem cobrado um preço alto com a elevação dos preços.
No final de semana, três entidades nacionais de trabalhadores vinculados ao setor de transporte de cargas haviam anunciado decisão de decretar estado de greve e que início de greve nacional a partir de 1º de novembro se o governo federal não atender às reivindicações que remontam à paralisação dos caminhoneiros em 2018.
Entre as demandas, uma das principais é justamente o custo do combustível, reajustado para cima seguidas vezes nos últimos meses pela Petrobras. O preço médio do diesel no país acumula alta de mais de 50% neste ano.
Agência Nacional de Transportes Terrestres
A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) publicou nesta quinta-feira portaria que reajusta a chamada tabela de frete mínimo rodoviário entre 4,5% e 5,9%, após uma alta no preço do diesel.
Segundo nota da ANTT, o reajuste na tabela é realizado sempre que há uma oscilação superior a 10% em relação ao preço considerado nos cálculos da PNPM (Política Nacional de Pisos Mínimos de Frete), conforme lei instituída em 2018 após uma greve de caminhoneiros.
A variação do aumento dos valores da tabela – considerada inconstitucional por diversas categorias contratantes de frete – depende do tipo de carga e do veículo.
O piso mínimo é questionado no Supremo Tribunal Federal, mas o processo está parado na corte após ter entrado e saído da pauta do plenário no ano passado.
O reajuste na tabela, que segue uma determinação legal, foi realizado em meio a ameaças de paralisações de caminhoneiros, em protesto contra o preço do diesel.
O preço médio do diesel comum nos postos do Brasil subiu 5,55% na primeira quinzena do mês ante o fechamento de setembro e mais de 40% ante o mesmo período do ano passado, segundo dados da Ticket Log.
A Petrobras anunciou no fim de setembro uma alta de 9% no preço médio do diesel vendido em suas refinarias, após 85 dias de estabilidade. No acumulado do ano, a alta do combustível na refinaria da estatal é de mais de 50%. (com Reuters)