Quase 500 empresas são negociadas na Bolsa de Valores brasileira atualmente. Este ano, o mercado de ações viu uma onda de listagens públicas (processo para uma empresa abrir seu capital), com 73 operações que movimentaram R$ 137 trilhões. Essas empresas são de 11 setores, e mais de 20 segmentos diferentes. Só no primeiro semestre de 2021, o número de investidores pessoa física registrados na B3 cresceu 42% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Mas como entrar nesse mercado? Ações são boas opções para qualquer investidor? Como e por que começar a investir em empresas abertas? A Forbes ouviu especialistas que compartilharam suas principais recomendações para quem planeja comprar suas primeiras ações.
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Jennie Li, estrategista de ações da XP Investimentos, conta que o interesse em renda variável, e especialmente em ações, pode ser provocado por diversas vantagens que esses ativos oferecem, sendo a principal o potencial de retorno desses investimentos.
“Ela [uma ação] pode atender a diversos objetivos, dependendo do investidor. Pode ser desde aumentar o patrimônio, ganhar dividendos, até a manutenção do seu poder de compra dado que se tende a perdê-lo quando deixamos o dinheiro em caixa.”
Por outro lado, escolher uma empresa para se tornar acionista não é uma tarefa trivial. Willian Duarte, sócio proprietário da Planize consultoria financeira, conta que antes de fazer um investimento é preciso pesquisar muito, entender a proposta da empresa e se ela está alinhada com o propósito do investidor.
O especialista conta que essa preparação é importante para evitar erros traumáticos, que afastem as pessoas dos investimentos. “Se você não estiver bem estruturado, pode acabar entrando em um mercado muito volátil, sem a cabeça bem centrada ainda que você está fazendo você pode bater e voltar no mercado de ações.”
Setores para investir
Uma das possíveis estratégias de investimento em ações é avaliar os setores das companhias negociadas na Bolsa. Jennie afirma que é possível perceber tendências de mercado relacionadas a um único setor – ações de empresas de um mesmo segmento podem oscilar constantemente, ou ainda sofrerem uma valorização acelerada, o que é interessante acompanhar.
A especialista da XP Investimentos acredita ser importante começar por empresas que o investidor já conheça, das quais ele já é consumidor, trazendo o exemplo do varejo. Ela afirma que o setor é muito tangível para qualquer um, pois consumimos dele, sabemos como é o dia a dia e o modelo de negócios dessas empresas.
“É um setor mais intuitivo. Talvez começar por essas empresas seja um bom ponto de partida para, posteriormente, se aprofundar em outros setores com os quais o investidor esteja menos familiarizado.”
Para o consultor financeiro Fabrício Duarte, por outro lado, setores como energia, financeiro (grandes bancos), e commodities são os mais interessantes da Bolsa brasileira, pois eles são mais consolidados no mercado.
“É muito interessante olhar para essas instituições mais sólidas em áreas que são mais firmes [economicamente] para poder ter uma primeira experiência.” Outro setor estratégico é o de tecnologia, que possui uma boa perspectiva de valorização futura, afirma Fabrício. Para ele, a inovação presente nos negócios dessas empresas garante a longevidade de seus bons desempenhos.
Willian afirma que um ponto fundamental para o investidor que está começando é não escolher apenas um setor da economia para entrar de cabeça com todos seus recursos. “É interessante que o investidor diversifique seus papéis dentro desses setores, preferencialmente com pesos iguais”.
Ele alerta ainda que é fundamental fazer uma pesquisa sobre aquela atividade para buscar aquilo que está mais perto da realidade do investidor e facilitar sua participação nele enquanto acionista.
Dicas para começar
O primeiro passo, portanto, é estudar algumas das principais informações de uma empresa, como os últimos balanços financeiros, o histórico dos preços das suas ações na Bolsa, se ela paga dividendos aos acionistas e quais foram os valores das últimas distribuições de lucros. Todos esses dados podem ser encontrados no site de relações com investidores da companhia, e são amplamente divulgados pela mídia.
O histórico dos preços das ações também pode ser encontrado em sites de acesso gratuito, onde é possível comparar as cotações com as de outras empresas. Os relatórios e análises, por sua vez, dependem de corretoras e casas de análise, mas também são publicados por veículos jornalísticos que acompanham a Bolsa.
Fabrício recomenda que o investidor se prepare para a volatilidade do mercado: existe o risco da empresa, o risco do setor e o risco do mercado como um todo. “Por mais que a empresa seja segura, o mercado pode oscilar. Não é para esperar ficar milionário da noite para o dia.”
O consultor explica que, primeiramente, é importante ter uma reserva financeira antes de começar os aportes, para que o investidor não dependa do valor que está sendo aplicado.
Seu irmão, Willian, ressalta que é importante começar a investir ainda que com pouco dinheiro. “Comece a fazer seus investimentos, pois eles geram um acúmulo em ações. Todos os grandes investidores começaram pequeno e esse resultado foi uma sequência de contribuições que aumentaram o seu porte.”
O consultor também lembra que a escolha de uma corretora para fazer os primeiros investimentos é fundamental para quando se está buscando desenvolver lucros no longo prazo. Para tanto, ele sugere que o investidor busque uma corretora que seja taxa zero ou com a menor possível, “quem é iniciante geralmente começa com pouco aporte, então os percentuais das taxas representam uma quantia maior do seu dinheiro, proporcionalmente.”
Jennie Li recomenda ter disciplina, e não ficar assustado com notícias e oscilações diárias da Bolsa. “O investidor precisa ter sempre em mente qual o seu objetivo e o horizonte de investimento.”
Assim, apesar de mudanças de curto prazo poderem mexer com a carteira, com fundamentos sólidos das empresas investidas e objetivos claros em mente, não faz sentido tomar decisões por impulso que possam acarretar perdas.