O Fleury vai intensificar seu crescimento via aquisições, dentro da estratégia de diversificar receitas, mas não pretende entrar numa disputa aberta com operadoras de planos de saúde, disse a presidente do grupo de medicina diagnóstica, Jeane Tsutsui.
“Temos muito para fazer em termos de entrar em novos serviços”, disse a executiva em entrevista à Reuters. “Não vamos substituir as operadoras”, acrescentou.
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As declarações de Tsutsui, que assumiu o cargo em abril, vêm em meio a uma onda de aquisições e novos investimentos da quase centenária companhia para se tornar um hub de serviços médicos, num momento de ebulição no mercado de saúde no Brasil catalisado pelos efeitos da pandemia de Covid-19, no ano passado.
Desde então, o Fleury comprou negócios que incluem clínicas ortopédicas, de aplicação de vacinas, de oftalmologia, adquiriu laboratórios de análises no Espírito Santo, lançou sua plataforma de mapeamento genético e outra de prontuários eletrônicos, além de criar um fundo de R$ 200 milhões com a Sabin para investir em startups de saúde.
“Temos um pipeline de negócios e nossa jornada está no começo”, acrescentou Tsutsui, lembrando que mesmo após ter feito mais de R$ 1 bilhão em aquisições nos últimos cinco anos, tem uma condição financeira propícia para novos movimentos.
No fim de junho, a alavancagem financeira do Fleury, medida pela relação dívida líquida/Ebitda era de 1,1 vez. “Ainda temos espaço”, acrescentou o diretor finanças e de relações com investidores da companhia, José Antonio Filippo, que assumiu o cargo em julho, oriundo da Natura&Co.
O Fleury anunciou no fim de agosto que poderia fazer uma oferta pela rival Alliar, ativo pelo qual a Rede D’or também mostrou interesse.
Segundo a presidente da empresa, a integração da entrada em novas áreas com as aquisições deve acelerar a base de clientes do Fleury, que pretende ampliar a oferta de serviços, como mensalidades para cobertura de exames, telemedicina e até pequenas cirurgias, como de catarata, hérnia e varizes.
Recentemente, o Fleury fez parceria com a Smiles, o que permite acesso a mais de 18 milhões de possíveis novos usuários, somando-se à sua base atual de 7 milhões.
Esse conjunto de iniciativas, porém, ainda é visto como tímido por alguns analistas de mercado, dada a ebulição no mercado de saúde no Brasil, em que rivais diretos e indiretos estão se movendo rápido na direção de modelos de negócios mais verticalizados.
No ano até a véspera, a ação do Fleury acumulou baixa de 23,2%, ante baixa de 6,75% do Ibovespa no período.
Hoje (1), o Bank of America cortou o preço-alvo da ação do Fleury, alegando que as iniciativas da empresa para diversificar negócios são remédios de médio prazo, que ela tem um processo decisório mais lento e que deveria “atacar o problema”, tornando-se uma rede mais vertical com hospitais.
Às 16:22, a ação do Fleury caía 2,2%. No mesmo horário, o Ibovespa tinha ganho de 1,6%.
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