O Ibovespa fechou hoje (19) em queda de 3,28%, a 110.672 pontos, pressionado pela perspectiva de que o Auxilio Brasil, programa social que substituirá o Bolsa Família em 2022, poderá ultrapassar o teto de gastos do país ao contemplar cada beneficiado com R$ 400, em uma estratégia percebida como “populismo fiscal” pelos investidores.
As perdas são acentuadas pelas ações dos grandes bancos brasileiros e da Petrobras, que encerrou o dia em desvalorização de 4,89%. A petroleira informou ter recebido uma “demanda atípica” de pedidos de fornecimento de combustíveis para novembro, muito acima da capacidade de produção da empresa. Por sua vez, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil registraram quedas de 2,37%, 3,09% e 4,91%, respectivamente, com a tendência de piora fiscal do país.
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A estreante Getnet (GETT11) foi o único destaque positivo do Ibovespa, fechando em alta de 17,88%. Em seguida, dentre as menores perdas, vieram as ações da Americanas (AMER3) e do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que fecharam em queda de 0,10% e 0,48%, respectivamente, após o anúncio da possibilidade de combinação de bases acionárias entre a companhia e sua holding.
Em Wall Street, os índices fecharam no azul. O Dow Jones subiu 0,56%, a 35.457 pontos, enquanto o S&P 500 registrou alta de 0,74%, a 4.519 pontos, e o Nasdaq avançou 0,71%, a 15.129 pontos.
Os balanços corporativos da Johnson & Johnson e da Travelers, que registraram lucros acima do esperado, aumentaram o apetite por risco dos investidores. De acordo com dados da Refinitiv, analistas esperam que o lucro das empresas listadas no S&P 500 crescerá 32,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O bom desempenho das ações das grandes empresas de tecnologia, como Facebook, Apple, Alphabet e Microsoft, que fecharam com ganhos entre 0,32% e 1,51%, também contribuíram com o otimismo. “Porém, apesar da alta no exterior, o clima continua sendo de cautela com o avanço da inflação, aquecendo a expectativa pela retirada dos estímulos à política monetária americana”, diz a Ativa Investimentos em pesquisa.
O dólar fechou em alta de 1,36%, negociado a R$ 5,5944, em máxima para fechamento desde o dia 15 de abril deste ano. No pico da sessão, alcançado pouco depois das 16h (de Brasília) a moeda foi a R$ 5,6131, alta de 1,67%. Entre as principais moedas globais, o real teve, de longe, o pior desempenho contra o dólar nesta terça-feira, refletindo os temores dos investidores com a decisão do governo de colocar parte do Auxílio Brasil fora do teto de gastos em 2022. Mais cedo, o Banco Central vendeu US$ 500 milhões no mercado à vista em leilão, na primeira operação do tipo desde março, mas não conseguiu segurar a cotação da moeda norte-americana. (Com Reuters)