O McDonald’s anunciou recentemente os detalhes de um teste operacional [nos Estados Unidos] de seu hambúrguer vegetal “McPlant”, co-criado com a Beyond Meat. O hambúrguer é feito de ingredientes como ervilhas, arroz e batatas, e é servido em um pão de gergelim com tomate, alface, picles, cebola, maionese, ketchup, mostarda e uma fatia de queijo.
Como afirma a empresa, “tem o sabor icônico de um hambúrguer do McDonald’s, porque é um”.
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O teste será realizado em oito restaurantes nos EUA, a partir de 3 de novembro. Os mercados incluem Irving e Carrollton, no Texas; Cedar Falls, em Iowa; Jennings e Lake Charles, na Louisiana; e El Segundo e Manhattan Beach, na Califórnia.
O anúncio foi feito depois que as duas empresas fecharam uma parceria estratégica de três anos, em fevereiro de 2021, na qual a Beyond será o “fornecedor preferencial” do McDonald’s para o hambúrguer McPlant e, potencialmente, outros itens vegetais, como frango, porco e ovo.
Esse hambúrguer não é novo no sistema McDonald’s. O McPlant já foi introduzido em vários mercados internacionais, incluindo Brasil, Suécia, Dinamarca, Holanda, Áustria e Reino Unido. É muito cedo para dizer que tipo de impacto nas vendas o produto teve. Além disso, o consumo de carne vegetal varia de acordo com o mercado, então a previsão é complicada.
O que se sabe é que o McDonald’s ganhou um impulso significativo com os consumidores mais jovens nos EUA, no ano passado, graças à sua promoção de “pedidos famosos”, apresentando megastars como Travis Scott, BTS e Saweetie. Oferecer uma alternativa baseada em plantas pode acelerar esse momento.
Os consumidores da Geração Z e da Geração Y são mais propensos a comer carne vegetal do que os mais velhos, e mais da metade dos consumidores com idades entre 24 e 39 anos se identificam como “flexitários” [fazem uma dieta vegetariana, mas ocasionalmente consomem proteína animal].
Como tal, as vendas de produtos lácteos vegetais e alternativas à carne alcançaram US$ 29,4 bilhões em 2020 e podem aumentar para US$ 162 bilhões até 2030, eventualmente compreendendo 7,7% do mercado global de proteínas.
As opções baseadas em plantas já tiveram sucesso inicial em alguns dos concorrentes de serviço rápido do McDonald’s, incluindo Burger King, Carl’s Jr. e KFC. Mas, desde então, houve relatos de enfraquecimento das vendas do Impossible Whopper do Burger King, enquanto o Beyond Chicken da KFC ainda não expandiu os testes iniciais realizados antes de 2020. Além disso, Dunkin e Tim Hortons abandonaram suas ofertas à base de plantas.
Isso não quer dizer que o impulso baseado em plantas parou. Pizza Hut e Little Caesars acabaram de entrar na categoria, enquanto o pai da Pizza Hut, a Yum, também assinou recentemente uma parceria estratégica com a Beyond Meat para a cocriação de itens exclusivos nos próximos anos.
O McDonald’s pode ser o ponto de inflexão. Se o teste der certo e o gigante QSR [mídia especializada em alimentos] ampliar sua cobertura sobre McPlant, sem dúvida seria uma virada de jogo para a categoria baseada em plantas, já que a escala e acessibilidade do McDonald’s são simplesmente incomparáveis. E, uma implantação hipotética nas cadeias do sistema norte-americano colocaria economias de escala em jogo e provavelmente criaria mais paridade de preço entre a proteína animal e a carne analógica – um dos principais pontos fracos da carne vegetal.
Atualmente, por exemplo, meio quilo de Beyond Meat custa cerca de US$ 1,50 a mais do que meio quilo de carne bovina. Mas, se os clientes puderem comprar o sanduíche baseado em plantas em qualquer um dos 14.000 locais onde o McDonald’s tem lojas, nos EUA, eles provavelmente começarão a esperar o mesmo em qualquer lugar, o que incitará ainda mais a adesão à carne vegetal em todo o setor de fast food.
Claro, todos esses são grandes “se”. O que observa agora é simplesmente aquela parte das “operações” do teste do McDonald’s. Será um desafio adicionar um novo item ao menu, já que muitos restaurantes enfrentam uma escassez histórica de mão de obra. Mas, se existe realmente a demanda por carne vegetal, é esperado que o McDonald’s a faça funcionar.
*Alicia Kelso acompanha a indústria de restaurantes desde 2010, quando se tornou editora da QSRweb. Mais tarde, foi diretora de mídia de foodservice. Hoje, além da Forbes, contribui com publicações como a Food Dive, Innovation Leader e Digital Signage Federation, além da QSRweb.