Portugal, 2022. Este será o destino da Casa de Bolos, rede de lojas criada em 2010 em Ribeirão Preto (SP) e que ultrapassará na semana que vem a marca de 400 unidades espalhadas pelo Brasil. Uma loja-piloto deverá ser inaugurada em terras portuguesas no segundo semestre do próximo ano. “A ideia é começar com uma loja apenas, equipe própria, testar o modelo, fazer as adequações necessárias e, depois de um a dois anos, começar o franchising”, afirma Daniel Ramos, diretor administrativo-financeiro da empresa.
O executivo diz que a estimativa inicial era gastar R$ 600 mil na implantação da primeira unidade no exterior, a ser aberta provavelmente em Lisboa. Mas o valor pode ficar bem acima disso por causa da desvalorização do real diante do dólar e do euro. O total do investimento para essa expansão ainda não está definido. Na nova empreitada, a Casa de Bolos vai utilizar a loja padrão, grande, e com o cardápio completo da rede. Somente depois pretende levar os formatos menores e outros modelos de negócio.
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A proximidade de cultura e de idioma foi um dos motivos para a Casa de Bolos optar por Portugal. A escolha também se deve ao fato de a empresa enxergar o país como porta de entrada para a Europa. “Crescemos de maneira muito rápida e organicamente. Então acreditamos muito nisso. A nossa ideia é começar o franchising por lá mesmo, ver as oportunidades e depois ir subindo, talvez pela Espanha, Itália…”, conta. No passado, a Casa de Bolos chegou a pensar nos Estados Unidos, mas o plano não foi adiante.
Para o plano internacional, e o suporte para a operação no Brasil, a Casa de Bolos continuará utilizando recursos próprios. O diretor afirma que a empresa já foi sondada por fundos de private equity e recebeu propostas de fusão, mas nunca avançou em nenhuma negociação. “Talvez não tenha chegado o momento certo. Acreditamos que temos ainda muito para crescer no mercado interno e com as oportunidades que vão surgir internacionalmente. Então, se um dia entrarmos com um parceiro ou abrirmos capital, vai ser mais para o futuro. Não temos uma perspectiva de curto prazo para isso”, diz Ramos, um dos quatro irmãos à frente da gestão da empresa.
Faturamento
No Brasil, o cenário econômico já permite a retomada de patamares anteriores à pandemia, segundo ele. “Passamos por 2020 de forma bem robusta. Apesar do ano difícil para todos nós, conseguimos continuar crescendo. E este ano já mostrou recuperação. Em 2022, as coisas, pelo menos em termos de mercado, vão estar mais estáveis. Talvez em termos político-econômicos, tenhamos instabilidade. Mas as pessoas continuam querendo empreender, o brasileiro tem essa veia empreendedora. Quando a coisa fica mais estável, mais previsível, voltam a fechar novos contratos de franquia, a investir em novas lojas”, afirma.
Para 2022, a previsão é de alta de 10% no faturamento em relação a este ano. Além da aposta no retorno do consumo, o montante pode ser maior também por conta dos ajustes de preço, principalmente devido ao impacto da matéria-prima, destaca o executivo. Neste ano, a Casa de Bolos já realizou dois aumentos nos valores dos produtos, o mais recente no início deste mês. Em 2020, de acordo com Ramos, uma redução de custos e de quadro de pessoal foi feita para limitar o repasse ao consumidor. No período, a rede realizou apenas um aumento de preço, já em dezembro.
No ano passado, a Casa de Bolos teve que enfrentar a queda de 12% nas vendas, na comparação com 2019. Em 2021, por outro lado, a expansão será de 21%, o que levará a rede a bater 2019, o seu melhor ano de faturamento. Em valores nominais (sem descontar a inflação), as vendas das lojas somaram R$ 249 milhões em 2019, R$ 221 milhões em 2020 e, segundo os cálculos da empresa, fecharão 2021 em R$ 267 milhões.
400ª loja
Neste ritmo, a rede, que completou dez anos de franchising em 2021, vai ultrapassar a marca de 400 lojas agora em dezembro, com a inauguração de duas unidades, uma em Jacareí e outra em Jundiaí, no estado de São Paulo. Outras duas serão abertas ainda neste ano, totalizando 403. A meta são 600 lojas em 2025.
A Casa de Bolos terminou 2020 com 377 lojas, 19 delas novas. Neste ano, serão 26 a mais. O ritmo de crescimento da rede levou à abertura de cerca de 50 unidades há alguns anos. Segundo Ramos, a ideia, em 2022, é voltar ao nível visto em 2018 e 2019, com 30 a 35 lojas novas. “Seria um patamar adequado para a nossa implantação, o nosso processo de treinamento, inauguração e consultoria”, afirma. Atualmente, apenas sete unidades são próprias. A maioria dos cerca de 200 franqueados possui mais de uma, destaca o diretor.
No ano que vem, a empresa, fundada por um dos irmãos, Rafael, e a mãe, conhecida por Dona Sônia, vai finalizar uma sede nova, com investimento de R$ 5 milhões, que também incluirá a estrutura de treinamento. A sede atual possui 250 metros quadrados, e o centro de treinamento, outros 200. Na nova estrutura, serão 1.700 metros quadrados de espaço dedicado ao franchising.
Novos modelos
Na área de novos negócios, a Casa de Bolos também tem lançamentos previstos. Depois de colocar no mercado a versão de loja mini neste ano, a estratégia agora é criar modelos voltados só para vendas, sem produção. Ramos destaca que isso permitiria um franqueado produzir em uma loja e ter vários pontos de venda dos produtos, por exemplo. Um dos formatos pensados são os “carrinhos” bastante comuns em shoppings e aeroportos, que vendem itens como sorvete e doces. Além disso, a empresa vai fortalecer o formato de quiosques. Mas o objetivo maior é ampliar a venda na rua, principal foco de atuação da Casa de Bolos.
O diretor afirma que os formatos a serem lançados e o mini devem responder por 50% das inaugurações no ano que vem. A outra metade deve vir dos modelos tradicionais, o standard, padrão, e o fit, menor em espaço e capacidade produtiva.
Hoje, a versão mini conta com nove unidades em funcionamento. Outra deve ser inaugurada em dezembro. “É um investimento menor, abaixo da casa de R$ 100 mil. A equipe é reduzida, imóveis menores, com custo menor de aluguel. O objetivo é levar a Casa de Bolos para cidades que não têm um polo de consumo tão forte. Aí conseguimos abrir o nosso leque de expansão, fazendo também em áreas onde um franqueado já tem loja”, diz. De acordo com ele, o modelo tem trazido boas surpresas, com resultados muitas vezes melhores que as unidades tradicionais da rede.