Uma semana após divulgar seu balanço do terceiro trimestre, no qual informou prejuízo de R$ 638 milhões, e a uma semana da Black Friday, a Via (VIIA3) inaugura amanhã (19) uma megaloja das Casas Bahia em São Paulo.
Localizado na Marginal Tietê, o estabelecimento tem área útil de 9 mil m², duas vezes maior do que aquela encontrada na maioria das unidades da rede. O empreendimento é considerado um experimento para a empresa, que procurou disponibilizar produtos não encontrados em suas outras lojas e oferecer experiências interativas. Apesar de ser uma loja física, a Via aposta no modelo de negócios “figital”, que combina físico e digital.
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“Com a inauguração desse espaço, celebramos dois anos de transformação da companhia”, diz o CEO Roberto Fulcherberguer, referindo-se à decisão da empresa de direcionar mais investimentos às vendas digitais. Em abril deste ano, a companhia mudou o seu nome de Via Varejo para Via, também com o objetivo de expandir a natureza de suas operações.
Fulcherberguer, porém, não revela o montante do investimento direcionado à criação da nova loja. “Podemos apenas dizer que estamos tranquilos com o potencial de retorno, dada a quantidade de vendas que a loja irá trazer, a imagem das Casas Bahia que irá transmitir, e o aumento do relacionamento com consumidores que ela irá proporcionar.”
O CEO argumenta que a nova megaloja é o que existe “de mais ‘figital’ no mercado brasileiro”. O objetivo, ao disponibilizar espaços como cinema, parquinho para crianças, cabine de selfie, arena de games, estúdio para a realização de lives e até uma área de mobilidade, onde é possível testar bicicletas, é buscar alguma relevância para a experiência física, segundo ele.
Em seu último balanço, a Via viu a receita líquida regredir 5,9% na comparação ano a ano, uma queda puxada principalmente pelo baixo desempenho de suas lojas físicas. As vendas nesses espaços caíram 14,3% e chegou a R$ 5,2 bilhões.
Também emulando a experiência digital, a nova megaloja não tem um público-alvo específico em mente. O CEO explica que, tradicionalmente, as Casas Bahia atraem consumidores das classes B, C e D, mas que essa concentração foi amenizada pela pandemia e pelo foco nas vendas online. Assim, ele busca aplicar a mesma lógica ao novo empreendimento, ressaltando que são oferecidos produtos “dos mais básicos ao mais ‘top’”.
Sobre o balanço da empresa, Fulcherberguer também é otimista, destacando que a Via teve bons resultados operacionais e apresentou ganhos de market share. Por outro lado, ele comenta sobre os processos trabalhistas contra a empresa, que exigiu aprovisionamento de R$ 1,2 bilhão.
“Com relação a ações que ocorreram no passado, a boa notícia é que, apesar do caixa que isso vai consumir, ele está totalmente coberto pelos créditos tributários que a companhia tem e está monetizando de maneira acelerada, então não há impacto no caixa”, diz.
Até o final do ano, a Via pretende totalizar 110 lojas inauguradas e expandir para as regiões Norte e Nordeste. No ano passado, a empresa teve que fechar as portas de cem unidades, uma ação que o executivo diz não ter relação com a pandemia, mas sim surgido da necessidade de reduzir o número de lojas que operavam nos mesmos mercados.
Na Black Friday, que ocorrerá na próxima sexta-feira (25), a megaloja ficará aberta por 24 horas. A respeito do impacto da inflação sobre a temporada de ofertas, Fulcherberguer afirma que os descontos serão oferecidos sobre os novos preços.
“A companhia tem bons legados e legados não tão bons, que são os trabalhistas, mas tudo isso tem dia e hora para acabar. Agora, isso que nós estamos construindo, toda essa transformação, ela não acaba,” diz ele.