Na noite de terça-feira (14), Elon Musk fez uma afirmação ousada no Twitter e disse que ele pagaria mais impostos este ano do que qualquer norte-americano na história.
Ele pode estar certo. O excêntrico bilionário (e a pessoa mais rica do mundo) pode ter de pagar pelo menos US$ 8,3 bilhões ao governo federal na estimativa da Forbes, com base em suas vendas de ações que movimentaram quase US$ 13 bilhões até o dia 13 de dezembro deste ano.
O fundador da Amazon, Jeff Bezos, chegou perto dessa marca no ano passado depois de vender US$ 10,2 bilhões em ações da sua varejista. As operações geraram um débito fiscal de cerca de US$ 2,4 bilhões.
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Apenas a Receita Federal, no entanto, pode dizer ao certo quem é o maior contribuinte da história americana.
Em anos anteriores, Musk pagou pouco ou nenhum imposto. De acordo com uma investigação da agência ProPublica publicada em junho, o bilionário pagou um total de US$ 455 milhões em imposto de renda federal entre 2014 e 2018. No mesmo período, sua fortuna pessoal cresceu US$ 13,8 bilhões.
Em 2018, Musk não pagou nem um dólar em imposto de renda. Ele também não vendeu nenhuma ação da Tesla naquele ano.
É possível que o bilionário tenha outras fontes de receita que contribuam para aumentar sua dívida com o fisco, ou que Musk esteja usando prejuízos de outros negócios para pagar menos impostos – uma tática comum entre os super-ricos. Musk também vendeu mais de cinco mansões na Califórnia este ano, o que provavelmente também gerou uma renda sujeita a impostos.
O bilionário escapou da mira do Congresso norte-americano em outubro, quando o senador Ron Wyden (D-Ore.) apresentou um plano de curta duração que tributaria os ganhos de capital não realizados das pessoas mais ricas da América. A Forbes estima que a medida custaria US$ 29,8 bilhões a Musk. No entanto, após alguns dias, o plano foi substituído por uma proposta menos drástica.
Como Musk não recebe um salário da Tesla e a empresa não paga nenhum dividendo, ele não precisava pagar impostos ao Tio Sam – pelo menos não até começar a liquidar ações da Tesla em um ritmo sem precedentes em novembro.
Sua dívida com o fisco pode ser ainda mais alta se a Califórnia for atrás dele. Embora Musk tenha se mudado para o Texas no ano passado, seu antigo estado poderia taxá-lo pelos valores que ele ganhou enquanto residia lá. Entre tributos estaduais e federais, Musk poderia acabar com uma carga tributária de quase 50%.
O CEO da Tesla poderia pagar menos impostos este ano se doar ações da Tesla – ou dinheiro – para sua fundação filantrópica, a Musk Foundation, ou para outras organizações sem fins lucrativos.
Os contribuintes que declaram detalhadamente suas doações podem obter deduções. Documentos apresentados à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA mostram que Musk não doou nenhum papel da Tesla em 2021. A última vez que ele fez isso foi em dezembro de 2019, quando transferiu 11.000 ações da Tesla – avaliadas à época em US$ 4,1 milhões – para sua fundação.
Os impostos ainda não terminaram. Se Musk cumprir a promessa de vender 10% de sua participação na fabricante de carros, a Receita Federal dos EUA pode cobrar outros US$ 7 bilhões do bilionário. Até agora, ele vendeu cerca de 3,2% de suas ações.
Desse total, US$ 2,65 bilhões viriam da incidência de tributos de ganho de capital calculados a partir do preço dos papéis da Tesla em 15 de dezembro. Os US$ 4,4 bilhões restantes seriam devidos se Musk exercer o restante de suas opções que expiram em agosto de 2022, considerando que a cotação da empresa se mantenha – as ações caíram quase 22% depois de atingirem o pico de US$ 1.222 em 1º de novembro de 2021.
O tweet de Musk na terça-feira foi parte de um embate do bilionário com a senadora Elizabeth Warren – o último episódio da oposição do bilionário a políticos progressistas, que defendem mais impostos para os super-ricos.
Musk não respondeu a perguntas da Forbes sobre suas obrigações fiscais.