Aumentos de juros por bancos centrais com o objetivo de combater a inflação podem exacerbar a “perigosa” e cada vez mais profunda divergência econômica entre economias avançadas e em desenvolvimento, disse hoje (12) a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva.
Georgieva afirmou que a inflação não é um fenômeno universal, mas um problema em vários países, especialmente nos Estados Unidos, onde os preços ao consumidor dispararam 7% em 12 meses até dezembro, maior ganho anual em quase quatro décadas.
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O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e outros bancos centrais sinalizaram que aumentos nas taxas de empréstimo podem ser iminentes em 2022. O “efeito de contágio nos mercados emergentes… pode colocar mais lenha na fogueira da divergência” econômica, disse Georgieva.
A chefe do FMI afirmou em dezembro que o FMI provavelmente rebaixará as perspectivas de crescimento econômico global ante as projeções atuais de 5,9% em 2021 e 4,9% em 2022, devido à desaceleração do crescimento nos Estados Unidos e na China e à variante Ômicron do coronavírus. A revisão nas estimativas será divulgada no dia 25 de janeiro.
“Sim, a recuperação provavelmente continuará, mas diante de ventos contrários mais fortes”, disse ela, citando a inflação e os níveis crescentes da dívida.
A agitação social vista em 2019 também deve ressurgir neste ano, o que pode representar desafios para as autoridades, acrescentou.
O FMI está fazendo um apelo aos países para que continuem melhorando suas defesas contra a pandemia atual e eventuais pandemias futuras, disse ela. É “extremamente importante” garantir uma produção mais diversificada de vacinas e reduzir a dependência da África e outras regiões de importações.
Ela disse esperar aumento na demanda por financiamento do FMI neste ano. A diretoria executivo do FMI deve discutir na sexta-feira (14) um novo Fundo de Resiliência e Sustentabilidade, ferramenta de empréstimos apoiada pelo G20 –grupo de grandes economias– em outubro.
O fundo permitirá que os membros ricos do FMI doem sua parte dos 650 bilhões de dólares emitidos em novos Direitos Especiais de Saque (SDRs, na sigla em inglês) para uma ampla gama de países necessitados, incluindo pequenos Estados insulares e países vulneráveis de renda média.