O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, marcou sua primeira alta em 2022 hoje (6), embora tenha perdido força no final, em sessão volátil no exterior, com investidores ainda refletindo um discurso mais firme do Federal Reserve (Fed) na véspera.
O Ibovespa subiu 0,55%, a 101.561,05 pontos. O volume financeiro da sessão foi de R$ 26,4 bilhões.
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O Ibovespa não teve grandes influências positivas no cenário macro, além de uma recuperação parcial após três dias de queda, incluindo um tombo de mais de 2% na véspera.
O índice chegou a subir 1,2% na máxima com o suporte de ações de commodities e de bancos, mas recuou posteriormente.
“É um mercado sem força”, disse Tomás Awad, sócio-fundador da 3R Investimentos. Ele afirma que espera um primeiro semestre muito difícil para a economia brasileira, citando fatores como a recuperação lenta da atividade e a alta da taxa de juros, e diz que os lucros das empresas “vão piorar muito ao longo do ano” por conta desse cenário.
A produção industrial do Brasil caiu 0,2% em novembro ante o mês anterior, sexta baixa seguida, divulgou o IBGE hoje. A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era de ganho de 0,1%. Na pauta fiscal, o mercado segue monitorando pressão de servidores por reajustes salariais.
Já os principais índices de ações em Wall Street tiveram sessão volátil e fecharam levemente no negativo, após desabarem ontem em reação à ata da reunião de política monetária do Fed. O documento mostrou que autoridades do banco central dos Estados Unidos consideraram elevar a taxa de juros mais cedo ou em um ritmo mais rápido do que o previsto e discutiram uma diminuição da carteira de ativos.
Será divulgado amanhã dado de emprego nos EUA, uma das variáveis mais importantes junto com a inflação e atividade econômica para definição da política monetária.
O índice pan-europeu STOXX 600 caiu 1,3%, acompanhando a liquidação da quarta-feira, já que os mercados do continente já haviam fechado quando o documento foi divulgado.
Destaques
– BRF ON subiu 7,05%, estendendo os ganhos da véspera e somando quatro altas em cinco sessões. A companhia teve recomendação elevada para ‘outperform’ pelo Credit Suisse ontem e vive bom momento desde que anunciou proposta de aumento de capital a ser debatido por acionistas.
– VALE ON subiu 2%, enquanto outras siderúrgicas fecharam perto da estabilidade ou caíram, após alta generalizada do setor na abertura. Minério de ferro subiu em Dalian, com expectativas de recuperação da demanda após as Olímpiadas de Inverno de Pequim no mês que vem.
– HAPVIDA ON e INTERMÉDICA ON avançaram 3,7% cada e FLEURY teve alta de 3,3%. De pano de fundo, na véspera saíram dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar sobre o desempenho dos planos de assistência médica em novembro.
– PETROBRAS PN e ON caíram 0,1%, de novo na contramão dos preços do petróleo, com a escalada das tensões no produtor da commodity Cazaquistão e dificuldades de produção na Líbia. PETRORIO subiu 2,5%, após elevação de preço-alvo pelo Credit Suisse.
– CARREFOUR BRASIL ON subiu 2,2%, após ter disparado mais de 5% mais cedo, acompanhando ganhos dos papéis do Carrefour na França, na esteira da notícia de que o gigante varejista europeu pode receber nova oferta de aquisição pela rival francesa Auchan.
– POSITIVO ON caiu 5,3%, na quinta baixa seguida.
– VIA ON caiu 4,6%, MAGAZINE LUIZA ON cedeu 2,65%, enquanto AMERICANAS ON subiu 2,2%. No setor de alimentos, GPA e ASSAÍ recuaram 3,8% e 3,3%, respectivamente. Em moda, LOJAS RENNER subiu 5,1%.
– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 2%, BRADESCO PN avançou 1,4%, enquanto SANTANDER BRASIL ganhou 1,3% e BANCO DO BRASIL ON teve alta de 0,8%.
Wall Street
O S&P 500 ficou perto da estabilidade ao fim de uma volátil sessão hoje, com a queda nas ações de tecnologia compensada pelo suporte do setor financeiro, um dia depois de uma liquidação do mercado na esteira da indicação pelo Fed de uma abordagem mais agressiva contra a inflação.
O índice financeiro do S&P 500 subiu 1,6% e deu sequência aos fortes ganhos desta semana. Outros setores economicamente sensíveis também tiveram alta. Energia ganhou 2,3% e já acumula valorização de 9% desde 31 de dezembro.
As ações da Meta Platforms saltaram 2,6% e foram responsáveis pelo maior impulso ao S&P 500 e ao Nasdaq.
O setor de tecnologia do S&P 500, com forte peso no índice, perdeu 0,5%. Esse grupo foi o maior obstáculo para o S&P 500 ontem, quando a ata da reunião do Fed de dezembro sinalizou a possibilidade de aumentos nas taxas de juros mais cedo do que o esperado.
O índice S&P 500 fechou em queda de 0,10%, a 4.696,05 pontos. O Dow Jones caiu 0,47%, a 36.236,47 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite recuou 0,13%, a 15.080,87 pontos.
Dólar
O dólar fechou em queda hoje, voltando a ficar abaixo de R$ 5,70, com investidores aproveitando o dia mais calmo no exterior para devolver parte das recentes altas da moeda norte-americana.
A cotação chegou a subir mais cedo, oscilando entre altas e baixas ao longo do dia, mas na reta final consolidou o enfraquecimento, com o real beneficiado pela recuperação de algumas divisas emergentes e pela estabilização dos ânimos em Wall Street depois do tombo da véspera, causado pela sinalização do banco central norte-americano sobre chances de aperto mais acelerado na liquidez.
O dólar à vista caiu 0,57%, a R$ 5,6802 na venda, depois de variar entre R$ 5,726 (+0,23%) e R$ 5,6707 (-0,74%).
A divisa acumulou alta de 2,50% nos três primeiros pregões do novo ano.
Na B3, às 17:23 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,37%, a R$ 5,7135.
Ainda assim, o dólar segue acima de suas três principais médias móveis – de 50, 100 e 200 dias –, o que é visto na análise técnica como sinal de valorização para a moeda.
As preocupações sobre os rumos das contas públicas domésticas neste ano eleitoral voltaram a tirar o sono do mercado e influenciaram na série de três altas do dólar neste começo de janeiro. “Em 2022, seguimos vendo a incerteza pesando sobre o real, especialmente em meio ao processo eleitoral. Diante disso, mantivemos nossa expectativa de taxa de câmbio de R$ 5,70 para o final de 2022”, disse a XP em cenário macro.
Mas pelo menos nesta sexta-feira é o exterior que tende a de novo dar a tônica dos movimentos do câmbio, com a divulgação de dados de dezembro sobre a geração líquida de postos de trabalho nos EUA.
Os números podem oferecer pistas adicionais sobre se o banco central norte-americano (Fed) poderá de fato antecipar a alta de juros e até mesmo começar a reduzir seu balanço patrimonial – novidade sinalizada na véspera que chacoalhou os mercados globais.
O potencial enxugamento de liquidez pelo BC norte-americano representa um desafio adicional para a classe de ativos emergentes (da qual faz parte o real), que costuma sofrer em situações assim devido ao risco de fuga de capital para os EUA, onde a rentabilidade dos títulos ficaria maior com a alta de juros, pano de fundo de daria suporte ao dólar.